A Guerra dos Palmares, Óleo de Manuel Vítor, 1955
A Guerra dos Palmares, Óleo de Manuel Vítor, 1955

Por Márcio Maia

Postado por Marcos Lima Mochila

 

Um dos primeiros e o mais importante movimento de libertação dos escravos no Brasil, aconteceu ainda no século XVII, na região da Serra da Barriga, onde hoje está o município de União dos Palmares, em Alagoas, área arbitrária e abusivamente tomada de Pernambuco pelo imperador Dom Pedro I, como forma de se vingar da Revolução Republicana Pernambucana, de 1824, quando um grupo liderado por Frei Caneca, lutava por um Brasil independente.

O famoso Quilombo dos Palmares era comandado inicialmente por Ganga Zumba e depois por seu sobrinho, Zumbi dos Palmares. Lá, foi implantado um regime de igualdade social e financeira, no qual a terra era de todos e a produção de alimentos, criação de animais e artesanatos era dividida de forma igualitária. Pesquisadores das atividades do quilombo já constataram a existência de olaria e oficina de metalurgia. Esses produtos eram comercializados nos lugarejos próximos e uma boa parte era enviada para os negros escravos que não conseguiam fugir do domínio de seus senhores de engenho.

O progresso e a grandiosidade do quilombo, que chegou a ter cerca de 20 mil moradores, começaram a chamar a atenção dos donos dos escravos, inclusive da cidade do Recife, que revoltavam-se com o apoio que recebiam ao alcançarem as terras controladas por Zumbi dos Palmares.

Essas ações fizeram com que, na segunda metade do século XVII, os donos dos escravos organizassem grupos armados para invadir as terras, matando quem encontrasse e destrundo os plantios e as criações de animais.

Acordo – Na tentativa de diminuir os ataques, em 1678, Ganga Zumba decide viajar ao Recife, para se encontrar com o então governador da Província de Pernambuco, Dom Pedro de Almeida, e contar o que estava acontecendo. No acordo, ele se comprometeu a impedir a entrada de escravos fugidos e aceitou que os que garantissem sua liberdade seriam considerados propriedades da Coroa Portuguesa. Por outro lado, os nascidos no quilombo seriam considerados livres e os que aceitassem, receberiam terras para viver fora da área da Serra da Barriga.

O acordo ocasionou ampla discussão e, pouco tempo depois, Ganga Zumba foi morto por envenenamento em circunstâncias que, até hoje, os estudiosos do assunto não conseguiram determinar.23 11 ZUMBI DOS PALMARES

Zumbi – Com a morte de Ganga, Zumbi assume a liderança do quilombo e amplia as atividades produtivas e também reforça a segurança, negando-se a respeitar a determinação de não aceitação de novos fugidos.

A popularidade do novo chefe chega a todas as regiões do Nordeste e ao Rio de Janeiro, onde os representantes da Coroa Portuguesa tomam a decisão de financiar as expedições de grupos armados para dizimar o gueto.

Em 1694, foi feita a maior investida contra o quilombo, com centenas de homens fortemente armados, sob o comando de Jorge Velho. A intenção era chegar ao centro da aldeia, no local conhecido como Alto do Macaco, onde havia o mocambo habitado por Zumbi. No meio do combate, Zumbi é ferido, mas com a proteção de aliados fieis, consegue escapar ao cerco.

A partir daí, seguiram-se dezenas de tentativas de assassinato do líder do quilombo, que sempre conseguia fugir aos cercos. Por conta disso, os negros começaram a falar e acreditar que Zumbi seria imortal.23 11 ESTÁTUA EM HOMENAGEM A ZUMBI DOS PALMARES

No dia 20 de novembro de 1695, Zumbi foi vítima de uma traição, tendo seu esconderijo invadido de surpresa por um grupo armado e não conseguiu escapar e foi morto.

Para acabar com o mito de inatingível, a cabeça de Zumbi dos Palmares foi exposta no Pátio do Carmo, no centro do Recife, onde hoje existe uma estátua do líder libertário.

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