A ciência já desvendou que seu extrato serve para turbinar a imunidade. Agora avançam pistas de que ele poderá atuar contra o câncer

A própolis já é bastante usada na tradição popular. Mas o que a ciência acha disso? (Foto: Tomás Arthuzzi/SAÚDE é Vital)
A própolis já é bastante usada na tradição popular. Mas o que a ciência acha disso? (Foto: Tomás Arthuzzi/SAÚDE é Vital)

Por Sílvia Lisboa e Tatiana Reckziegel

Postado por Marcos Lima Mochila

 

 

Na rotina agitada de uma colmeia, a saúde é uma das prioridades do grupo. Por isso, as abelhas gastam boa parte da sua energia coletando resinas na vegetação ao redor para produzir um poderoso remédio, a própolis. As operárias vedam todas as frestas com esse preparado para aproveitar o melhor de suas propriedades físicas e biológicas. A própolis isola o ambiente interno a fim de manter a temperatura ideal, impedir a entrada de vento e chuva e blindar a área contra bactérias, vírus e fungos capazes de colocar em risco a vida dos insetos.

O ser humano, esperto, notou há séculos que poderia tirar proveito do composto em nome do seu próprio bem-estar. Desde o Egito antigo ele é utilizado como antisséptico, no tratamento de feridas e inclusive na conservação dos corpos. O famoso ritual de mumificação, aliás, guarda semelhanças com o que é praticado ainda hoje pelos enxames. “Se não é possível remover uma abelha morta de dentro da colmeia, as outras a embalsamam para preservar a saúde de todas”, revela o biólogo e imunologista José Maurício Sforcin, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu, no interior de São Paulo.

Mesmo com um histórico respeitável de uso, que lhe rendeu o posto de medicamento natural, a própolis só entrou pra valer na mira da ciência nos últimos 20 e poucos anos – e isso se deve, em parte, ao seu crescente apelo popular. O consumo mundial gira em torno de 2,3 mil toneladas por ano, de acordo com levantamento feito pela Market Research Future.

O Brasil ocupa um lugar de destaque nessa história. Somos o terceiro maior produtor da resina, atrás apenas da Rússia e da China. Aqui a produção de própolis dura o ano inteiro. Uma vantagem e tanto, se considerarmos que, em outros climas, as abelhas só fabricam o preparado no verão e na primavera. Além disso, uma das espécies de abelha mais comuns em terras brasileiras, a Apis mellifera, é uma excelente produtora e, de quebra, super-resistente.

O Brasil também é a bola da vez por causa das variedades que abriga e coloca no mercado: são 13 já catalogadas, divididas em três categorias até o momento. Além da clássica, de coloração marrom, existem as versões verde e vermelha, exclusivas daqui.

Cada tipo tem uma composição química distinta. “Por definição, própolis é um material que as abelhas produzem usando a própria cera e resinas de diferentes plantas”, descreve o biólogo Masaharu Ikegaki, professor da Universidade Federal de Alfenas, em Minas Gerais. Ou seja, o que muda na constituição são os ingredientes obtidos na vegetação próxima às colmeias. Desse modo, a diversidade botânica faz com que as propriedades terapêuticas variem de uma versão para outra.

Se você já usou própolis alguma vez na vida (seja via spray, seja por gotinhas diluídas em água), é bem provável que tenha sido para aliviar alguma dor ou infecção na garganta. E tem fundamento. Estudos clássicos da década de 1990 mostraram que a substância combate bactérias responsáveis por doenças nas vias respiratórias. Até as bactérias do estômago saem perdendo. Um experimento feito por cientistas turcos ano passado constatou que o extrato de própolis é capaz de inibir o crescimento da Helicobacter pylori, causadora de gastrite, úlcera e câncer de estômago.

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