COLUNA DO MOCHILA MONTADAerros e acertosPassadas as eleições, em qualquer ambiente que eu frequento, nesses últimos dias, o assunto principal ainda é política. E, na maioria das vezes, a pergunta é a mesma: “Se Paulo Câmara era tão criticado, com um índice tão alto de rejeição, por que ele conseguiu a reeleição, e no 1º turno?”.

Mesmo não sendo nenhum expert em política,  resolvi tentar desvendar os motivos desse fenômeno.

Como integrante da equipe da Revista TOTAL e do Blog da Revista TOTAL, participei, nos últimos 3 meses, dos estudos técnicos que a revista realizou para anunciar, com tanta presteza, os nomes dos candidatos que seriam eleitos, muitos dias antes. E resolvi partir por este mesmo caminho: fazer levantamentos, conversar com as pessoas, com políticos, com estudiosos do assunto e, sobretudo, com o povo.

A conclusão foi mais fácil do que eu pensava.

Paulo Câmara que, segundo todos comentavam, era um neófito na política e só havia sido eleito em 2014 por conta da comoção com a morte de Eduardo Campos, deu uma verdadeira aula de estratégia e venceu. Os opositores, “gatos” bem mais escaldados na política, cometeram erros infantis, atiraram errado e perderam.

Aliás, com relação a esse adjetivo que, por quatro anos, usaram para definir Paulo: neófito, temos a esclarecer o seguinte. Quando o chamavam assim, queriam taxá-lo de inexperiente, despreparado, novo demais para tanta responsabilidade.

Pois bem, essa tese de neófito na política caiu por terra e prevaleceu o sentido etimológico: a palavra é formada da junção de DUAS palavras: neos e phyton e, portanto, tem DOIS significados. Ela vem do grego antigo neophytos, que significa um nova plantação, algo que foi plantado recentemente ou que é uma nova planta. A palavra neos significa novo, jovem, recente ou fresco. A palavra phyton significa uma planta ou algo vivo, que cresce. Assim, neophytos significa literalmente “planta nova ou recente, que CRESCE”. Esqueceram  –  ou falavam sem saber o que significava a palavra – e não viram que  Paulo Câmara cresceu.

Erros…

A Coligação Pernambuco Vai Mudar cometeu uma infinidade de erros, muitos dos quais, erros infantis. E, por serem tantos, comentaremos apenas alguns:

Omitiram-se de declarar apoio a algum candidato a presidente

MENDONCINHA E BRUNO ARAÚJOOs principais nomes da coligação de Armando, além do próprio, Mendoncinha e Bruno, estes dois tendo vindo de importantes ministérios do governo de Michel Temer, em nenhum momento mencionaram o nome de Temer na campanha, provavelmente, amedrontados pela alta rejeição do presidente, mormente no Nordeste. Da mesma forma, também não criticaram Lula nem o PT, a fim de não afrontarem nem afastarem os nordestinos que, na grande maioria, idolatram o ex-presidente Lula. Armando, pelo menos, deu uma declaração que amenizava o ritmo de indecisão da coligação: “Já disse que minha manifestação de apoio a Lula não se estende ao candidato do PT”. Em suma, ficaram em cima do muro e não apoiaram ninguém. Agora, após perderem as eleições, já começaram a indicar suas preferências para o 2º turno.  Os deputados Mendonça Filho (DEM) e Bruno Araújo (PSDB), os dois ex-ministros derrotados na disputa pelas duas vagas de Senador por Pernambuco, declararam apoio ao candidato Jair Bolsonaro (PSL). O ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes e Cabo de Santo Agostinho, Elias Gomes (PSDB), votará em Haddad (PT), que deverá ser, também, o voto do filho Betinho Gomes.

Tiro para todo lado

anderson e andré ferreiraOs Ferreira, André e Anderson, do PSC, saíram do governo porque queriam uma das vagas para Senador, o que não iria acontecer. Afirmaram, no comunicado da saída, que “a esse governo falta diálogo, capacidade administrativa e, principalmente, liderança”. Eles não fizeram parte da coligação Frente Popular de Pernambuco, na 1ª eleição de Paulo, em 2014. Entraram depois da 1ª e saíram antes da 2ª. Mendonça Filho (DEM), Bruno Araújo, Elias Gomes e Betinho, todos do BETINHO E ELIAS GOMESPSDB, fizeram parte da Frente Popular de Pernambuco, na 1ª eleição e também saíram antes da 2ª.  Mendonça e Bruno criticaram a parceria de Câmara com o PT, a de Jarbas com Humberto Costa e saíram atirando, esquecendo-se que, na coligação Pernambuco Vai Mudar, de Armando Monteiro, para onde seguiram após deixar a Frente, havia dois grandes políticos, Elias Gomes e o filho Betinho, ferrenhos adversários dos Ferreira, que também tiveram que se unir com adversários políticos. Mendonça Filho fez duras críticas a Jarbas Vasconcelos, o seu aliado de anos, quando foi  seu vice-governador.  Descobriram que um vídeo que estava sendo veiculado nas inserções e não se sabia ainda a procedência, foi produzido pela equipe de comunicação do ex-ministro da Educação de Michel Temer. Mendonça escolheu o candidato errado para seus ataques. Na realidade, o seu adversário na disputa era Humberto Costa e não Jarbas. Esse episódio evidenciou mais ainda o despreparo da equipe de Comunicação de Mendoncinha e, por tabela, da coligação, pois deixou clara a sua ingratidão com quem foi seu aliado por anos e o eleitor não perdoa quem é movido por ingratidão. Elias Gomes, que se candidatou a deputado estadual e seu filho, Betinho, candidato à reeleição de deputado federal, também erraram muito: insurgiram-se contra a opção de Armando Monteiro por André Ferreira para ser seu vice, ensaiaram debandar, mas depois se calaram e participaram da campanha tendo que pedir voto para os Ferreira. Aliás, isso faz parte da história do PSDB, que sempre foi conhecido por ficar em cima do muro. Isso, sem dúvida, colaborou muito para a não eleição de Elias Gomes e Betinho, pois já está mais do que provado que o pernambucano gosta de quem toma partido, de quem se arrisca, não fica em cima do muro.

Debates

debates

Nos debates, Armando preocupou-se mais em bater em Paulo Câmara, responsabilizá-lo pelas mazelas e a crise que Pernambuco enfrenta – esquecendo-se que a crise não é só de Pernambuco, é do Brasil todo -, do que mostrar os ARMANDO MONTEIROseus projetos e as soluções para os problemas do Estado. A nível nacional, quem também agiu assim foi o Alckmin: bateu em Haddad, bateu em Bolsonaro, esqueceu de falar dos seus projetos e perdeu a eleição. (Vide box abaixo). Os eleitores, notadamente os que tinha dúvida em quem votar, por que achavam que Paula Câmara ficara lhes devendo, não vislumbraram em Armando, o adversário mais forte de Paulo,PÁULO CÂMARA ESPECIAL nenhuma segurança, nenhuma menção a projetos concretos, viáveis, positivos para Pernambuco. O que mais se falava de Armando, nas ruas, era sobre a promessa de isentar as motos “cinquentinhas” de IPVA. Resultado: agradou a mais ou menos uns 10 mil proprietários de motos, que são os que agem corretamente e emplacam suas “cinquentinhas”, embora existam dezenas de vezes mais em todo o Estado, que são responsáveis por 30% dos acidentes de motos em Pernambuco, e desagradou a mais de 10 milhões de pernambucanos que se queixam desse tipo de transporte.

… e Acertos

PAULO CÂMARA NO DEBATE DA GLOBO 1

Paulo Câmara não fugiu ao debate, nem negou seus erros, nem fugiu de assumir culpas.

Viajou por todo o Estado, explanando as suas realizações nos quase 4 anos de governo e, geralmente,  aonde chegava, tinha alguma obra realizada pelo seu governo, em todas as áreas. Na de Educação, entre outras obras, tinha a apresentar o melhor ensino público do país, segundo o IDEB, 6.500 alunos da rede pública de ensino que participaram do programa de intercâmbio internacional, 345 escolas de referência, 43 escolas técnicas em todo o Estado, 388 escolas de tempo integral; na área de Saúde, tinha para mostrar, a seu favor, um Estado com a maior expectativa de vida do Nordeste (73,9 anos) e a redução de 31% da taxa de mortalidade infantil, sendo o Estado que, nos últimos 4 anos, mais investiu recursos próprios na Saúde; na Segurança, ouvia as críticas e não negava que nesse item a situação de Pernambuco não estava nada bem, que estava trabalhando para voltar, pelo menos, aos índices de 2013, quando ainda não era ele o governador. Tinha para mostrar que promoveu o maior investimento na história de Pernambuco, aumentou o efetivo policial do Estado em percentuais extraordinários e, neste ano, já estava conseguindo reduzir, mês a mês, as taxas de homicídios no Estado; na área de Recursos Hídricos, muitas obras por todo o Estado; na área de Turismo, Esportes e Lazer nomeou um secretário, Felipe Carreras, que transformou a cidade: encheu a cidade de ciclovias, trazendo o povo para as ruas, recuperou o Santos Dumont, dando mais condições aos atletas de se prepararem para os campeonatos locais, nacionais e para as próximas olimpíadas, aumentou consideravelmente o número de voos para Pernambuco, expandindo os ganhos do Estado  com o Turismo.

Enfim, tinha o que mostrar e ganhou mais credibilidade e a certeza, para o eleitor, de que “quem faz uma vez pode fazer de novo”. Ganhou a eleição no 1º.

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