Quando um líder faz mudanças estratégicas na condução de seu Governo, tem-se a esperança de que essas mudanças sejam para o bem. Mas, no Brasil de Bolsonaro, quem acredita que mais uma troca no Ministério da Saúde vai trazer a solução e o alívio de que o brasileiro precisa?
Depois de um ano de pandemia, três Ministros diferentes e a absurda marca de 2.798 mortes em um só dia, o país vive o seu momento mais desesperador, tendo na liderança um presidente negacionista, que parece estar mais preocupado em sabotar as medidas de combate à Covid 19 que são comprovadamente eficazes do que em cuidar da vida das pessoas.
Como médico e como parlamentar, fico espantado com o desprezo do Presidente e de sua equipe pela ciência.
Se os dados mostram que as vacinas salvam vidas, Bolsonaro decide não as comprar. Quando se comprova que evitar aglomerações reduz o número de pessoas em leitos de UTI, o presidente sai às ruas e junta multidões. Ao se comprovar que o uso de máscaras reduz a disseminação do vírus, Jair vai a público de cara limpa.
Como se não bastasse, no momento em que o cidadão brasileiro mais precisa de ajuda médica, o Governo Federal escolhe gastar o dinheiro público da forma mais irresponsável possível.
No ano de 2020, na contramão do mundo, o Ministério da Saúde recusou a compra de 70 milhões de doses de vacinas da Pfizer, que, se aplicadas, poderiam salvar milhares de vidas. Ao invés de adquirir as vacinas, o Governo Federal comprou quantidades enormes de cloroquina, remédio comprovadamente ineficaz para o tratamento da Covid19.
O mau uso da verba pública levou o Tribunal de Contas da União a apontar ilegalidade no uso de recursos do SUS por parte do Ministério da Saúde, determinando que o então Ministro Pazuello apresentasse explicações.
Além do apontamento do TCU, a Polícia Federal instaurou um inquérito para investigar a conduta do ex-Ministro na crise de saúde do Amazonas, onde a falta de oxigênio implicou na morte cruel de vários brasileiros que foram privados até do ar para respirar.
Enquanto não tivermos um Ministro da Saúde competente, que acredite na medicina, que confie na ciência e que possa agir sem seguir as orientações absurdas do Presidente da República, ainda teremos um horizonte sombrio pela frente.

Clodoaldo Magalhães – Médico e Deputado Estadual.

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