Carta do ex-presidente foi lida em convenção marcada por críticas ao PSDB

IMG-20180805-WA0053

 

Em convenção na periferia de Belo Horizonte, na manhã deste domingo (5), o PT confirmou as candidaturas do governador Fernando Pimentel à reeleição e da ex-presidente Dilma Rousseff ao Senado, mas não anunciou um nome a vice.

Na ocasião, foi lida uma carta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso em Curitiba após condenação por corrupção e confirmado candidato do PT à Presidência da República no sábado (4).

Num evento marcado por críticas ao PSDB, Lula afirmou que, ao desistir de ser candidato à reeleição, o senador Aécio Neves (PSDB) fugiu do embate com Dilma e lançou um prato novo: o “escondidinho de tucano”.

Réu acusado de corrupção, Aécio tem evitado os eventos de campanha do seu partido.

“Aécio Neves, que chegou a pedir recontagem de votos após perder em 2014, está lançando um prato novo, meio diferente, que não tem muito a ver com a cozinha mineira nem é muito ecológico: o escondidinho de tucano. O povo mineiro não vai engolir essa receita indigesta nem para presidente, nem para governador, nem para o Senado, nem para deputado federal”, escreveu Lula.

O petista disse ainda que Aécio não aceitou a derrota em 2014 e acendeu o pavio do impeachment, o que trouxe de volta a miséria e a mortalidade infantil. “[Ele] achou mais prudente tirar o time de campo para não enfrentar nossa presidenta outra vez nas urnas”, afirmou Lula.

 

Num palco central, cercado por militantes, apenas Pimentel e Dilma tinham cadeiras —outros petistas e aliados não subiram ao palco e não discursaram. O formato da convenção, inspirado em eventos partidários norte-americanos e canadenses, quis evidenciar a proximidade com o povo, em oposição às convenções tradicionais, onde candidatos ficam cercados de outros políticos.

A ausência de companhias no palco também deixou clara a falta de alianças de peso na chapa petista, que conta com o apoio de PR, PSDC e PC do B.

A deputada federal Jô Morais (PC do B) foi anunciada candidata, mas pode ocupar o posto de vice ou de postulante Senado dependendo das alianças que o PT pretende atrair ainda neste domingo.

O evento foi embalado por jingles e vídeos com as trajetórias de Dilma e Pimentel, além de uma retrospectiva, que exaltou os anos de governo petista no Planalto e atribuiu o impeachment a uma conspiração, associando tucanos ao governo Michel Temer (MDB).

Em seu discurso, Dilma também atacou o PSDB. Em Minas, o partido é o principal adversário de Pimentel, que aparece em segundo nas pesquisas, atrás do senador Antonio Anastasia (PSDB). Anastasia e Aécio governaram o estado, que hoje enfrenta grave crise fiscal, desde 2003 e foram sucedidos pelo petista em 2015.

“Vamos, aqui em Minas, combater esse golpe que tem dois dos principais protagonistas. Um que perdeu a eleição e outro que destruiu o orçamento do estado de Minas e entregou a Pimentel um governo falido”, disse Dilma, referindo-se a Aécio e Anastasia —o segundo foi relator do processo do impeachment no Senado.

No discurso do PT, a eleição em Minas é colocada como “uma trincheira de resistência democrática”. Lula afirmou que o estado não tolera traição e relembrou a luta de Dilma e Pimentel, amigos desde a adolescência, contra a ditadura.

Dilma buscou associar sua candidatura à de Lula e Pimentel, afirmando que a eleição do ex-presidente depende do voto nos três. A petista, que lidera as pesquisas ao Senado, quer transferir votos ao governador.

“Eleger Pimentel é muito importante para que possamos eleger também nosso presidente Lula. Aqui vai se travar a luta decisiva, porque, se nós não ganharmos aqui, nós perderemos o Brasil. Esse trio é indissolúvel, ele é necessário ser eleito para que de fato nossa vitória seja completa”, afirmou.

Pimentel adotou o mesmo tom, criticando os tucanos e defendendo a liberdade de Lula ao afirmar que ele foi vítima de armação e de acusações falsas por parte da Polícia Federal e do Ministério Público. Pimentel também é alvo de denúncias de corrupção.

O governador afirmou ainda que grandes obras das gestões tucanas em Minas, como a construção da Cidade Administrativa, nova sede do governo, são inúteis e “um monumento ao desperdício e à arrogância”.

Pimentel atribuiu ao PSDB a responsabilidade pela destruição das finanças do estado, que atrasa salário de servidores e deve repasses a prefeitos.

“Tem problema no governo? Tem. De vez em quando atrasa alguma coisa, mas nós não vamos vender o patrimônio de Minas a preço de banana para fazer ajuste”, disse Pimentel, criticando o pacote de recuperação fiscal proposto pelo governo federal.

Dilma e Pimentel deixaram o evento, que durou pouco mais de uma hora, sem dar entrevistas à imprensa. Durante a pré-campanha, a dupla petista, ao contrário dos adversários, apareceu em poucos eventos e evitou a exposição na mídia.

COLIGAÇÕES
Com o cenário ainda indefinido em Minas no último dia de prazo para confirmação de coligações junto à Justiça Eleitoral, o PT e outros partidos marcaram reuniões para a tarde de domingo com o objetivo de acertar alianças até o fim do dia.

Os petistas conversam com MDB, PV, PR e PSB. O PSB retirou a candidatura de Márcio Lacerda ao governo de Minas em um acordo para beneficiar o PT e isolar o presidenciável Ciro Gomes (PDT).

Lacerda, porém, briga na Justiça pela candidatura e busca manter as alianças com PDT, Pros, MDB, PV e Podemos. Rodrigo Pacheco (DEM) formalizou coligação com mais cinco partidos, enquanto Anastasia, com maior tempo de TV até agora, tem ao seu lado sete siglas, além do PSDB.

IMG-20180805-WA0055

Folha de São Paulo

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Fechar