A investigadora Ana Teresa Viegas, da Universidade de Coimbra, descobriu um potencial alvo terapêutico que pode ser fundamental em tratamentos futuros da doença de Alzheimer

Nova esperança para o Alzheimer (© Maria João Gala /Global Imagens)

Por Paulo Caetano

Postado por Marcos Lima Mochila

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OAlzheimer é uma patologia neurodegenerativa, que atinge o hipocampo – a região cerebral onde se formam e consolidam as memórias. Esta doença tem um enorme impacto na saúde mundial, uma vez que ainda não existem terapias eficazes. Mas essa realidade pode mudar graças a uma equipa de investigadores portugueses do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC).

Ana Teresa Viegas e os seus colegas conseguiram apurar os benefícios do aumento dos níveis do microARN-31 no plasma dos doentes, utilizando ratinhos fêmeas de laboratório. E o sexo dos modelos utilizados é importante, uma vez que o Alzheimer tem particular prevalência em mulheres.

Entre outras observações importantes, os investigadores concluíram que os animais tratados com o microARN-31 apresentavam menores déficits de memória e menores níveis de ansiedade e inflexibilidade cognitiva.

Este estudo, publicado na revista científica Molecular Therapy – Nucleic Acids, foi realizado por uma equipa de cientistas portugueses do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra.

A doença de Alzheimer (DA) é a forma mais comum de demência em todo o mundo, caracterizada por comprometimento progressivo da memória, alterações comportamentais e, por fim, perda de consciência e morte. Recentemente, a disfunção de microRNA (miRNA) tem sido associada ao aumento da produção e diminuição da depuração de peptídeos β-amiloide (Aβ), cujo acúmulo é um dos marcadores fisiopatológicos mais conhecidos dessa doença. Neste estudo, identificamos vários miRNAs capazes de direcionar proteínas-chave da via amiloidogênica. A expressão de um desses miRNAs, miR-31, anteriormente encontrado estar diminuído em pacientes com DA, foi capaz de reduzir simultaneamente os níveis de APP e Bace1mRNA no hipocampo de camundongos fêmeas transgênicas triplas (3xTg-AD) com 17 meses de idade, levando a uma melhora significativa dos déficits de memória e uma redução na ansiedade e inflexibilidade cognitiva. Além disso, a expressão de miR-31 mediada por lentivírus melhorou significativamente a neuropatologia de AD neste modelo, reduzindo drasticamente a deposição de Aβ tanto no hipocampo quanto no subículo. Além disso, o aumento dos níveis de miR-31 foi suficiente para reduzir o acúmulo de vesículas de glutamato no hipocampo aos níveis encontrados em animais não transgênicos de mesma idade. No geral, nossos resultados sugerem que a modulação de APP e BACE1 mediada por miR-31 pode se tornar uma opção terapêutica no tratamento da DA.

Resumo Gráfico

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