O governador de São Paulo promoveu uma cerimônia em homenagem ao ex-juiz Sergio Moro e fez duros ataques ao PT

ARBX - 14/07/2017 - SAO PAULO - CIDADES / ONIBUS ELETRICO -  O prefeito Joao Doria apresentou nesta sext- feira o primeiro onibus eletrico movido a bateria, fabricado totalmente no Brasil, que integrara a frota municipal. Foto: Rafael Arbex / ESTADAO
 Foto: Rafael Arbex / ESTADAO

Rafael Arbex/Agência Estado

Postado por Marcos Lima Mochila

 

 

Na antevéspera das manifestações convocadas em várias capitais em defesa do ministro da Segurança Pública e Justiça, Sergio Moro, o governador João Doria (PSDB) promoveu na sexta-feira (28/06/2019), no Palácio dos Bandeirantes, uma cerimônia em homenagem ao ex-juiz e fez duros ataques ao PT. O tucano usou a agenda na sede do governo paulista, na qual entregou a Moro a primeira medalha da Ordem do Ipiranga desta gestão, para tentar capitalizar o movimento em defesa da Operação Lava Jato e marcar posição diante dos eleitores de Jair Bolsonaro (PSL).

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A Ordem do Ipiranga é a principal honraria do governo de São Paulo.

Ao receber a Ordem do Mérito, o ex-juiz reclamou dos “vários ataques” que vem sofrendo e criticou “um certo revanchismo”, referindo-se aos questionamentos à sua imparcialidade no julgamento de processos como o do ex-presidente Lula (PT).

O gesto de Doria contrasta com a postura ambígua do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que demorou quatro dias para se pronunciar em defesa de Moro quando as primeiras mensagens foram publicadas e, depois, disse que “não existe confiança 100%”.

O tucano é apontado como candidato à Presidência em 2022, condição que foi reforçada nos últimos dias por declarações do atual ocupante do Planalto. Na cerimônia desta sexta, o governador não mencionou Bolsonaro, encerrando uma semana de desgaste na relação dos dois, por causa do imbróglio sobre a possível saída da Fórmula 1 de São Paulo.

Durante seu discurso no Palácio dos Bandeirantes, Moro classificou como “um falso escândalo” o episódio das mensagens divulgadas inicialmente pelo site The Intercept Brasil. As conversas mostram proximidade entre o então juiz e procuradores do Ministério Público Federal que integravam a força-tarefa.

Ele agradeceu à mulher, Rosangela Moro, que o acompanhava na solenidade, pelo suporte ao longo do período em que atuou na operação e agora, como ministro. “Não tem sido muito fácil”, desabafou.

“Nas últimas três semanas, tenho sofrido vários ataques. Achei que a Operação Lava Jato tinha ficado para trás, mas um certo revanchismo às vezes reaparece”, disse o ministro, aludindo às conversas que vieram à tona em 9 de junho.

Em sua fala, o membro da equipe de Bolsonaro também expressou gratidão ao presidente e afirmou que o superior “tem prestado o seu apoio” desde o início da crise. Bolsonaro repete que o ex-juiz é um patrimônio nacional.

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Cercado de membros do governo e parlamentares, Doria usou o evento para exaltar Moro como símbolo do combate à corrupção, agradeceu pela contribuição dele na transferência de líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital) para presídios federais –a justificativa oficial para a homenagem– e atacou Lula.

“O Brasil precisa de mais Moros e menos Lulas”, discursou Doria, sob aplausos.

“Não foi uma batalha pessoal de um contra o outro. Se houve uma causa na prisão de Lula, foi a causa da verdade contra a mentira. E, para o bem do Brasil, venceu a verdade, venceu o Brasil, venceu Sergio Moro”, acrescentou.

“Se não fosse este homem, liderando um grupo de patriotas, com juízes, com desembargadores, com promotores, nós não teríamos a Lava Jato no Brasil, e não teríamos trancafiados em prisões aqueles que usurparam, roubaram e enganaram os brasileiros”, afirmou o governador.

Ele disse também que “o início de um esquema criminoso começou em São Paulo” e recordou, sem citar Lula, que “o tríplex” e “o sítio” ficam no estado. O ex-presidente foi condenado em processos relacionados aos dois imóveis, em Guarujá e em Atibaia.

“Graças à Lava Jato, o Brasil está recuperando mais de R$ 13 bilhões desviados pela corrupção de governos petistas, de corrupção de governos do PT. É preciso deixar claro e consignado que foram governos petistas que contribuíram para assaltar os cofres públicos e roubar a consciência de brasileiros”, afirmou Doria.

O ex-magistrado foi admitido no grau de grã-cruz (o mais elevado) da Ordem do Ipiranga, honraria que foi criada em 1969. O título é usado para reverenciar artistas, políticos, empresários e personalidades que tenham prestado “serviços de excepcional relevância” ao estado e ao Brasil.

Moro recebeu a faixa e a medalha que simbolizam o prêmio e posou para imagens segurando a mão do governador.

Deputados do PT na Assembleia Legislativa entraram com um projeto para tentar cassar a homenagem, argumentando que a condecoração a Moro não se encaixa nas regras previstas para a concessão da honraria. O pedido ainda não foi votado.

Doria anunciou a intenção de dar a medalha a Moro no dia 14, durante um jantar em sua homenagem no Rio de Janeiro. A decisão foi oficializada em um decreto assinado por ele três dias depois.

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