Para presidente brasileiro, o país tem muito que aprender com Israel

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, recebe o presidente Jair Bolsonaro, em cerimônia oficial de chegada (foto: Alan Santos/PR)
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, recebe o presidente Jair Bolsonaro, em cerimônia oficial de chegada
(Foto: Alan Santos/PR)

RH Rosana Hessel – Enviada Especial

Postado por Marcos Lima Mochila

 

Tel Aviv – O presidente Jair Bolsonaro foi recebido com honras militares pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, com direito a banda de soldados, debaixo de forte chuva. O avião presidencial chegou ao aeroporto Ben Gurion, de Tel Aviv, pouco antes das 10h (4h de Brasília) deste domingo (31/03). O capitão reformado e sua comitiva eram aguardados pelo primeiro ministro israelense na base.

Além de Bolsonaro, apenas outros quatro chefes de estado tiveram a mesma honraria do governo israelense: o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o presidente dos EUA, Donald Trump, o Papa Francisco e o primeiro-ministro Narendra Modi.

Uma chuva torrencial caiu sobre Tel Aviv durante a madrugada e atrapalhou bastante os preparativos para a cerimônia. A temperatura caiu para 12º C. Os espaços das tendas montadas estavam todos encharcados de água e até o tapete vermelho precisou ser coberto por plástico. Apesar da trégua na chegada de Bolsonaro, a chuva voltou a cair mais forte enquanto os chefes de estado discursavam.

Ambos fizeram um discurso formal de boas vindas. Netanyahu agradeceu em hebraico a viagem de Bolsonaro a Israel, que é a primeira fora das Américas “em um momento de tensão”. Nenhum dos dois governantes tocou no assunto da mudança da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém. Nos últimos dias, em meio à polêmica que essa decisão pode causar com o mundo árabe, importante comprador das carnes brasileiras, o governo Bolsonaro disse que pretende abrir uma representação comercial na cidade da Terra Santa, foco de conflitos religiosos. O presidente brasileiro fez questão de frisar que o Brasil tem muito que aprender com Israel, que é um país rico sem riquezas naturais enquanto o Brasil, que tem muitas riquezas naturais, ainda é um país pobre. “Olha o que eles não têm e veja o que eles são. E olha o que nós temos e o que não somos”, frisou ele, defendendo parcerias na área militar, de segurança e de tecnologia.

Em seu discurso, Bolsonaro iniciou e terminou com uma frase em hebraico, “eu amo Israel”. Ele errou o ano em que visitou o país. Disse que foi “há dois anos”, mas ele veio há três, ou seja, em 2016. Ele contou que teve a oportunidade de visitar o Rio Jordão e fez questão de mencionar que o nome dele também é Messias.

“É uma honra voltar a Israel, o que faço antes de completar 100 dias de governo, firmemente decidido em firmar uma parceria entre os dois países que têm uma amizade histórica”, afirmou Bolsonaro, lembrando que o Brasil ajudou na criação do Estado de Israel após a Segunda Guerra Mundial, e citou o ex-ministro de relações exteriores Oswaldo Aranha, que ajudou a desenhar o Estado para abrigar os judeus outrora perseguidos.

(Foto: Rosana Hessel/CB/D.A Press)
(Foto: Rosana Hessel/CB/D.A Press)

Ao longo do breve discurso, Bolsonaro voltou a citar a frase da Bíblia de João (8:23) usada durante a campanha: “Reconheceis a verdade e a verdade vos libertará”. O presidente destacou que os dois países também compartilham os mesmos valores culturais e apreço pela liberdade e pela democracia. “Juntas, nossas nações podem alcançar grandes feitos”, afirmou. Bolsonaro também agradeceu a ajuda de Israel no desastre de Brumadinho (MG) e se mostrou “entusiasmado com a potencialidade de parcerias”,  defendendo uma maior aproximação dos povos dos dois países, citando militares, estudantes, cientistas, empresários e turistas. “Teremos dias muito produtivos e agradáveis”, completou.

Após a cerimônia de chegada do presidente brasileiro, que contou com a execução dos hinos nacionais dos dois países e a revista da Guarda de Honra, Bolsonaro e sua comitiva deixaram o aeroporto com destino ao hotel, mas depois seguiu para o gabinete do primeiro-ministro, onde foi realizada uma reunião ampliada na parte da tarde. Mais tarde, na residência do premier, será realizada a cerimônia de assinatura dos acordos bilaterais. Estão previstos acordos na área de tecnologia, segurança, irrigação e dessalinização. Na sequência do evento será oferecido um jantar em homenagem ao presidente brasileiro e integrantes da delegação brasileira, oferecido pelo Ministro de Energia de Israel, Yuval Steinitz.

Agenda cheia

Bolsonaro permanece em Israel até quarta-feira (03/04) e ficará hospedado no Hotel King David, cuja diária custa, em média, R$ 2 mil, e tem uma agenda cheia durante os quatro dias. Na segunda-feira (1º/4), ele tira o dia para fazer uma série de visitas, inclusive ao Santo Sepulcro e ao Muro das Lamentações. No dia seguinte, ele e o premier israelense participam da abertura do encontro empresarial Brasil-Israel e de um almoço com empresários. À tarde, acontecerão as visitas Centro de Memória do Holocausto e ao Bosque das Nações, onde o presidente brasileiro deverá plantar uma muda de oliveira.

No quarto e último dia da visita oficial, o presidente brasileiro vai à cidade de Ra’anana visitar uma comunidade brasileira pela manhã, nas imediações de Tel Aviv, onde moram cerca de 300 famílias. A cidade tem Sinagoga com rabino brasileiro. A comunidade brasileira em Israel é composta por 13 mil cidadãos. O retorno está previsto para ocorrer às 11h40.

Integram a comitiva os ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo; de Minas e Energia, Bento Albuquerque; de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, Marcos Pontes; General Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); e o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, tenente-brigadeiro, Raul Botelho. Um dos filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-SP), também veio junto com o pai na viagem.

Eleições

A visita do presidente Bolsonaro ocorre às vésperas das eleições presidenciais de Israel, no próximo dia 9, quando Netanyahu tem chances de vencer porque está fazendo alianças. Caso seja reeleito, será o quarto mandato do premier e o terceiro consecutivo. O líder israelense pertence ao Likud, legenda de centro-direita e um dos tradicionais partidos de Israel entre os mais de 30 registrados para esta eleição. Contudo, somente de 10 a 11 legendas devem conquistar o mínimo de 3,25% dos votos necessários para conseguir entrar no Parlamento. Vários integrantes do Likud participaram da cerimônia de boas vindas, mas o espaço destinado aos convidados estava praticamente vazio.

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