UNIÃO PELA SOBREVIVÊNCIA POLÍTICA

COLUNA AC 07 02

Por Arthur Cunha

Postado por Marcos Lima Mochila

 

Se os governadores do Nordeste não se mantiverem unidos para peitar Jair Bolsonaro com argumentos, discurso e estratégia, eles serão “tratorados” pelo presidente da República. Apesar da postura aparentemente institucional por parte da sua equipe, o mandatário já deixou claro que os gestores da região serão tratados como oposição porque não votaram nele. E opositor é opositor; não importa se é de Direita ou de Esquerda. Na primeira brecha que encontrar, Bolsonaro tentará alavancar um aliado seu no “território inimigo”, para usar uma linguagem militar. A tática é clara e antiga, até: minar os adversários para desqualificá-los em seguida. FHC fez isso com Arraes, por exemplo. Se o atual governo decolar na economia, aí é que essa postura ficará mais evidente.

Portanto, acertaram os governadores do Nordeste quando se anteciparam ao presidente e bateram com ênfase na tecla da necessidade de um novo Pacto Federativo. A bandeira é antiga; mas ganha cada vez mais a adesão entre os prefeitos. O movimento pode crescer e entrar na pauta do Congresso de uma vez por todas. A pressão política já teve início na carta dos governadores, divulgada, ontem, após eles se reunirem em Brasília. O Nordeste despontou como a resistência, a Quinta Coluna do enfrentamento político. Nesse processo, vale salientar, ninguém ainda se configurou como a “cara do movimento”. Talvez isso seja bom para preservar a unidade e a vontade dos envolvidos permanecerem no enfrentamento.

A estratégia, fundamental nesse embate, começa a ficar clara. Bolsonaro já entendeu. Por enquanto, seu capital político adquirido na campanha, e que foi pouco gasto nesse primeiro mês de mandato, é o seu trunfo. Essa gordura, porém, pode ser gasta na guerra pela aprovação da reforma da Previdência; uma pauta mais urgente que a disputa com os nordestinos, e da qual depende o futuro político do próprio presidente.

Os sinais, entretanto, são fortes. De ambos os lados. A queda de braço é iminente; vai estourar logo. Bolsonaro tem no seu time um cordão de governadores, do Sudeste e do Sul, ávidos por darem provas de lealdade. Nesse sentido, João Doria (SP), Wilson Witzel (RJ), Romeu Zema (MG), Ibaneis Rocha (DF), Ratinho Júnior (PR) e Eduardo Leite (RS) são os pontas de lança do presidente, que tentarão puxar o protagonismo de um movimento de governadores para si e para a pauta que definirem. A antecipação dos nordestinos, nesse aspecto, é outro ponto positivo, que vai se refletir na prática. A turma dessas bandas é disposta, tem garra e está pronta para o embate. Estão unidos pela sobrevivência política.

Outras bandeiras – Além da revisão do Pacto Federativo, os governadores do Nordeste cobraram de Jair Bolsonaro um debate mais amplo sobre a reforma previdenciária e os projetos de Lei para a segurança pública; além da proposição do novo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). A estratégia da carta com as reivindicações é boa para ser o ponto de partida. Cabe aos gestores, no entanto, a criação de novos fatos políticos na defesa de suas bandeiras.

PC COM PAULO GUEDES 4

Operações de crédito – Em paralelo à pauta dos governadores do Nordeste, o gestor de Pernambuco, Paulo Câmara, defendeu a revisão do Pacto Federativo durante reunião com o superministro da Economia, Paulo Guedes, em Brasília. O pernambucano também tratou da liberação da contratação de novas operações de crédito para o Estado, reivindicação solicitada desde os tempos de Michel Temer. Guedes sinalizou, no encontro, que uma operação junto ao BID no valor de R$ 140 mi já está pronta para ser liberada.

COLUNA AC 07 02 2Frente Parlamentar – Antes mesmo de os governadores do Nordeste provocarem o debate, o deputado federal Silvio Costa Filho já foi logo conseguindo 250 assinaturas para a criação de uma Frente Parlamentar Mista em Defesa do Novo Pacto Federativo. Agora, Costa Filho vai tratar da proposta com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre. Se continuar nessa pisada, Silvinho logo estará no Jornal Nacional, a exemplo do pai, Silvio Costa, que entrou no maior noticiário do país pouco tempo depois da sua chegada à Câmara.

Na pressão – Por falar em pressão dos governadores, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, aceitou mudar seu projeto de Lei conhecido como anticrime por pressão dos gestores estaduais, aí não apenas os nordestinos. Os governadores ganharam o apoio, nesse caso, do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal. A Moro não sobrou outra alternativa – ele teve que acatar as cobranças. O ex-juiz se tocou que vai precisar aparar arestas para levar seus planos adiante.

 

Curtas

POLÊMICA – Já aconteceu a primeira polêmica no plenário da Alepe. Ontem, as Juntas quiseram retirar da votação um requerimento de Cleiton Collins criando uma frente em defesa da “família” e contra as drogas. Depois da explicação de que não poderiam rifar o pedido, as deputadas aceitaram entrar no colegiado e participar das discussões. Tudo graças à mediação de Priscila Krause e do presidente Eriberto Medeiros.

Aqui Não, Mourão! – Joel da Harpa subiu à tribuna da Alepe, ontem, para discursar. Depois de parecer que iria reivindicar para si o título de líder do bolsonarismo em Pernambuco, ele utilizou seu tempo foi para dar uma estocada no vice-presidente Mourão. Criticou o fato de o general ter se posicionado contra benefícios aos militares na reforma previdenciária. Mourão vem a Pernambuco dia oito de março, quando Joel pode reclamar pessoalmente.

VOCABULÁRIO – Inusitado o vocabulário que o líder da oposição, Marco Aurélio, tem utilizado nos seus primeiros discursos na Assembleia. Depois de “geringonça”, o parlamentar soltou um “mangaba” ao se referir a uma possível dica que estaria dando aos governistas sobre a atuação da bancada. Os novos deputados, por sinal, têm discursado muito na Alepe.

Perguntar não ofende: Tinha necessidade de Carluxo postar uma selfie com o pai, Bolsonaro, quase nu, fazendo fisioterapia no hospital?

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