REDE GLOBO REFAZ A CAMPANHA POLÍTICA DE 1989

DEBATE 1989

​Por Márcio Maia

 

​Logo após a redemocratização do País, no ano de 1989, o povo brasileiro viveu um momento de êxtase e de enorme efervescência política. Afinal de contas, depois de uma porção de tempo, íamos escolher o presidente do Brasil. Milhões de jovens e também adultos nunca haviam participado de uma eleição majoritária nacional. Mais de dez candidatos estavam inscritos, mas três deles – Fernando Collor (PRN), Leonel Brizola (PDT) e Lula (PT) – disputavam arduamente uma vaga no segundo turno.

​A Rede Globo de Televisão, com sua imensa capacidade de manipulação da opinião pública, fazia tudo para inflar o nome de Collor e impedir que Brizola subisse nas pesquisas de intenções de votos. Afinal de contas, os técnicos da empresa sabiam que nos debates frente a frente Collor seria esmagado por Brizola. O máximo da manipulação foi a edição do que havia ocorrido no debate da noite anterior, transmitida em todos os seus telejornais e com todo o destaque no Jornal Nacional que, à época, detinha cerca de 80 por cento da audiência no horário nobre, poucos dias antes do pleito.

​No final, tudo aconteceu como o grupo comandado por Roberto Marinho desejava. Lula e Collor foram para o segundo turno e todos sabem o que ocorreu.

​Agora, em 2018, está acontecendo quase a mesma coisa. Assim como em 89, estão concorrendo Jair Bolsonaro por um partido nanico, o PSL, igual a Collor, que era do PRN. Ciro Gomes, que é do PDT, e Fernando Haddad, que é do PT.

A Globo já demonstrou claramente que deseja a eleição de Jair Bolsonaro (PSL). Depois de participar de uma entrevista no Jornal Nacional, o presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) abriu a caixa de ferramentas na redação da emissora, logo após o encerramento do noticiário e, apesar da tentativa de William Bonner e outros dirigentes, o tucano criticou a postura dos entrevistadores e afirmou claramente que eles estavam a serviço do Bolsonaro.

​A tresloucada ação do homem que esfaqueou Bolsonaro foi tudo que eles queriam. O candidato foi descrito como “uma vítima dos extremistas”, deixando no ar a suspeita de que as direções do PT e do PSOL poderiam estar por trás do ato.

​Defendo o posicionamento claro e incisivo dos órgãos de comunicação em todas as situações, inclusive na política. Nos Estados Unidos e nos países mais desenvolvidos, todos têm posicionamentos claros e que todo o público sabe. Portanto, se a TV Globo quer ter o respeito de quem não se deixa levar por suas camuflagens, já está na hora de emitir um editorial e transmiti-lo nos seus jornais, como Roberto Marinho fazia quando tinha um assunto que considerava relevante.

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