Na opinião do ex-presidente FHC, Jair Bolsonaro (PSL) antecipou a tradicional disputa entre PT e PSDB para o primeiro turno e ataques diretos a Bolsonaro não vão funcionar para roubar votos do candidato do PSL

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Na opinião do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Jair Bolsonaro (PSL) antecipou a tradicional disputa entre PT e PSDB para o primeiro turno. FHC comentou o cenário eleitoral em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.

Confira os pontos principais da entrevista.

“A decisão do TSE [Tribunal Superior Eleitoral] (em impedir a candidatura Lula) já era esperada. A Lei da Ficha Limpa está vigiando e é clara quanto aos requisitos para o registro de candidatos. Lei de iniciativa popular, aprovada pelo Congresso e sancionada pelo próprio presidente Lula.”

De acordo com o tucano, a popularidade de Bolsonaro tem a ver com a ideia de que “o mundo todo está sofrendo modificação na percepção das pessoas e, em alguns setores, alguém que simbolize a ordem tem alguma chance. As pessoas estão com medo do futuro, horrorizadas com a corrupção, a economia está parada e tem muita violência. Não se pode desprezá-lo”.

Segundo FHC, o eleitorado está mais fragmentado e a polarização entre PT e PSDB está mais fraca: “Não é tão ricos contra pobres, a tradução habitual do que acontecia entre PT e PSDB, azuis e vermelhos. O PT tem força no Nordeste, porque o Lula representa uma espécie de Padim Ciço, que deu resultados para as pessoas. Os outros partidos nunca tiveram muita expressão. A ligação com os partidos perdeu força”.
Ao comentar os 4% de popularidade do PSDB, o FHC minimizou o dado: “a eleição não é PT contra PSDB, é fulano contra beltrano. Sempre foi assim. Ou você acha que o PSDB ganhou a eleição quando eu ganhei? Eu ganhei. Ou que o PT ganhou quando Lula ganhou? Lula ganhou”.

O ex-presidente também acha que Alckmin não deve esconder o PSDB ou a ligação do partido com o governo Temer: “o povo não sabe, não se liga nisso. Uma coisa somos nós, intelectuais, jornalistas, que vivemos nesse meio. Para o povo, tem que mostrar como é o Geraldo. É uma fragilidade das instituições democráticas. O desempenho da personalidade, do líder, conta mais que os partidos”.

Para FHC, os processos judiciais envolvendo Alckmin e o governo paulista não devem atrapalhar o tucano: “Isso não é nada. Como Haddad, não tem nada. Lula está preso e deixou de ter voto? Por que Geraldo vai deixar de ter porque não sei quem está metido?

Com o percentual alto de Bolsonaro, o ex-presidente acha difícil um segundo turno entre PSDB e PT: Não sei até que ponto [a polarização entre] azul e vermelho vai continuar, a despeito dos dois partidos terem estrutura, muitas prefeituras, enraizamento, história. Tradicionalmente, a disputa ia ser PT e PSDB no segundo turno. Agora, eu acho que será para ver quem vai para o segundo turno”. FHC admite que uma parte do eleitor tucano migrou para Bolsonaro.

FHC acredita que Alckmin deve apostar nas regiões onde o PSDB é consolidado: “O PSDB cresceu basicamente de São Paulo para o Sul. Centro-Oeste vai até o Acre. Chega no Rio, perde. Em Minas, às vezes ganha, às vezes perde, e no Nordeste inverte. Acho que a estratégia deve ser consolidar o que tem, e não arriscar onde não tem. A escolha da vice foi correta”.

Para tirar votos de Bolsonaro, ataques diretos não são eficientes, diz FHC:: “O povo, no fim, não gosta de ataques, sobretudo ataques pessoais. Atacar Bolsonaro é gol contra. Tem que mostrar o positivo do seu candidato”.
FHC vê dificuldades na estratégia de Lula em adiar a definição do candidato petista: “Com a Dilma fez assim e deu certo. Agora é mais difícil, a situação do Lula é mais delicada. Agora, reitero o que eu disse para o Haddad também. Depende de como vão se comportar, a mensagem. [O poder da rede social] de transformar em voto não foi testado. Há a sensação de ser crescente. Do ponto de vista sociológico, é interessante o que vai acontecer.

Fonte Revista Fórum

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