A chegada de grandes empresas a um município é sempre motivo de muita festa, pompas e circunstâncias. A mídia geralmente dá grande destaque, muitos coleguinhas da comunicação são agraciados com brindes e tudo o mais. Agentes públicos se locupletam e até recebem vultosas comissões (?). Os mandatários públicos locais e regionais alardeiam a geração de emprego e renda, o aumento da arrecadação de impostos, mesmo concedendo generosos benefícios fiscais, pois tudo é riqueza e se transforma em maravilha.

Mas é preciso repensar bem tudo isso. Vez por outra, ativistas ambientais se manifestam e protestam contra instalação de certas empresas, por proporcionarem riscos ao meio ambiente. Estão corretos, pois é preciso haver um contraponto aos grandes empreendimentos que podem transformar, para melhor ou pior, o lugar onde se implantam, na busca de obter enormes lucros, quase sempre sem se importar tanto assim com o social e o ambiente.

Recentemente, ocorreu o grande desastre ecológico em Mariana, Minas Gerais, com o rompimento de uma barragem de lama e material tóxico que massacrou o Rio Doce até o Espírito Santo. Os prejuízos ambientais, sociais e econômicos são quase incalculáveis. E existem muitas outras barragens da empresa Samarco (subsidiária da gigante Vale do Rio Doce) cheias de lama e que podem se romper. Pouco ou nada se divulgava sobre esse escândalo. Tantas barragens com produtos tóxicos próximas aos rios e oferecendo riscos iminentes de desastres.

Outro caso dentro deste contexto é o da Jeep (Fiat) em Goiana, inaugurada com farra e folia no começo do ano. Uma mega montadora de automóveis que recebeu e está recebendo muitos incentivos fiscais para ficar em Pernambuco. Hoje, a imprensa estampa que a Jeep não recolhe IPTU para o município de Goiana desde 2013. Absurdo. Como assim? Mas aqui é Brasil, é Pernambuco, onde vivemos um faz de conta, e a corrupção campeia, como reconhece o próprio Supremo Tribunal Federal (STF), quando condena poderosos por roubo e outro caçuá de crimes mais. Por estar inadimplente, a Jeep ficou também impedida de receber repasses de recursos subsidiados da Sudene. É demais, não?

Diante de tudo isso que assistimos no dia a dia do Brasil, concluímos que, antes de se comemorar com tantas pompas e circunstâncias certos empreendimentos, por buscarmos retornos econômicos imediatistas, precisamos ser mais cautelosos. Caso contrário, o que poderia ser de grande valia para o desenvolvimento de uma região pode se transformar em um pesadelo desmoralizante e atemorizante.

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