Família do regente reuniu arquivos como gravações, partituras e fotos

Os acervos musical e pessoal do regente Geraldo Menucci serão doados à Fundação Joaquim Nabuco. A decisão de doar os arquivos foi dos quatro filhos do maestro, Andrea, Daniel, Alexandre e Catarina, após o falecimento do pai, no dia 19 de junho, como forma de atender ao seu último desejo em vida. “Ele sempre demonstrou que gostaria que esse acervo pudesse ficar em algum lugar onde se respeitasse a cultura e pudesse estar aberto para pesquisas públicas”, conta Catarina Menucci. De acordo com ela, os documentos reunidos eram antes distribuídos nas quatro estantes do apartamento de Geraldo. São fotos e matérias de jornais, projetos, gravações, discos e partituras.

Geraldo Menucci nasceu no Rio de Janeiro, mas passou a maior parte da vida no Recife. Começou a estudar violino cedo, aos 14 anos, e depois fez graduação em Regência e Composição na Escola Nacional de Música da Universidade da Bahia. Quando se mudou para a capital pernambucana, em 1951, foi admitido como maestro assistente da Orquestra Sinfônica do Recife. Um dos seus maiores legados é a Banda Municipal de Recife, a qual foi um dos organizadores e regente, em 1958.

O regente dedicou a vida para fazer uma das coisas que mais amava: fortalecer a cultura erudita. Criou o Coral Bach do Recife, primeiro coral brasileiro a fazer 11 apresentações pela Europa, como o concerto no VI Festival da Juventude pela Paz e Amizade, em Moscou. Ele também participou da criação do Coral Hashomer Alzair da juventude israelita de Pernambuco. Além dos corais, outra paixão de Menucci era a cidade do Recife. Para homenagear as paisagens e os rios da Veneza Brasileira, o maestro e violinista organizou uma Serenata Fluvial inédita, com 250 pessoas tocando e carregando luminárias em barcos ao longo do Rio Capibaribe.

Geraldo era um defensor da democracia na cultura e foi um dos membros do Movimento de Cultura Popular (MCP) na década de 1960. Ele atuou junto a outras personalidades importantes, como Dom Helder Câmara e Paulo Freire. O regente se tornou uma referência por todo o país durante o regime militar, quando precisou deixar o Recife e, em São Paulo, criou o Coral Willys, com o qual realizou mais de 100 concertos, e mobilizou estudantes de música como professor e regente.

Após a Lei da Anistia, retornou à capital pernambucana, em 1980, onde iniciou novos projetos. Reassumiu a função de regente da Orquestra Sinfônica do Recife e fundou o Centro de Criatividade Musical de Recife, para a Secretaria da Educação do estado. Também foi diretor geral e orientador pedagógico por 27 anos da Fundação Centro de Criatividade Musical de Olinda, que tinha como público-alvo os jovens de baixa renda. A trajetória de Geraldo Menucci poderá ser recontada, homenageada e estudada a partir da doação de todo o acervo biográfico e profissional do maestro.

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