Ele estava tentando contato com índios isolados

Por Marcos Roberto

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Com uma flechada no peito, o coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental Uru-Eu-Wau-Wau, indigenista da Funai, Rieli Franciscato foi assassinado nesta quarta-feira (9).

A informação foi dada pela Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé. O indigenista estaria indo ao encontro dos índios “Isolados do Cautário”, no município de Seringueiras, em Rondônia.

Franciscato era considerado um dos maiores sertanistas que atuava com grupos de indígenas isolados na Amazônia, e faleceu aos 55 anos.

Flexão que matou o indigenista

O indígena Moisés Campé, de 35 anos, era parceiro do sertanista da Funai há cinco anos e estava com Rieli no momento do ataque por flechas dos isolados. Campé disse que fazendeiros tinham visto os isolados na zona rural do município de Seringueiras e comunicaram o caso à Funai. Ele, Rieli e dois policiais militares foram até a região para conversar com os fazendeiros e orientá-los caso os indígenas aparecessem novamente. Eles deixaram a base Bananeira, de proteção aos isolados, por volta das 13 horas, e após conversar com os moradores partiram para buscar por vestígios dos isolados.

Por volta das 17 horas entraram na mata, no limite da Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau. Andaram cerca de 30 metros, e quando subiam um morro uma flecha foi disparada, atingindo Rieli direto no peito. Campé afirma que eles não viram os isolados, apenas ouviram depois o barulho deles correndo. “A gente não esperava isso porque não são indígenas de conflito. Alguma coisa está diferente. Perdemos um grande parceiro”, lamentou.

Segundo a associação, os índios isolados não sabem distinguir protetores de inimigos.

“O território deles está sendo invadido e eles estão tentando sobreviver”, explicaram.

Ao site Amazônia Legal, o ex-gestor do Parque Nacional de Pacaás Novo, João Alberto Ribeiro lamentou a morte de Rieli e até coloca em dúvida se o ataque partiu dos isolados.

“É uma perda terrível para o indigenismo brasileiro, para o meio ambiente em Rondônia. Ele, com sua coragem e determinação, com apoio de parceiros, segurava a barra de invasões em toda frente da Uru-Eu-Wau-Wau com a BR-429, para o Mosaico Central de UC/TI de Rondônia e para os indígenas da Uru Eu incluindo os algozes, que infelizmente não tinham como saber quem é amigo e inimigo, se é que foi indígena”, disse João Alberto Ribeiro.

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