PARLAMENTARES QUEREM DISCUSSÃO SOBRE TRANSPORTE PÚBLICO METROPOLITANO


Postado por Marcos Lima Mochila
Problemas no transporte público da Região Metropolitana do Recife (RMR) motivaram discursos dos deputados João Paulo (PCdoB), Teresa Leitão (PT) e Wanderson Florêncio (PSC), na Reunião Plenária desta terça (28). Os parlamentares defenderam a realização de discussões sobre o tema na Alepe, ampliando proposta feita pelo deputado Romário Dias (PSD) de debater a obrigatoriedade de ar-condicionado nos coletivos.

O comunista destacou o risco de interrupção, a partir de julho, dos serviços do Metrô do Recife (Metrorec). “O transporte público está em ameaça de colapso na RMR, com a possibilidade de paralisação de um sistema fundamental para a locomoção diária de 400 mil pessoas”, observou. De acordo com ele, a descontinuidade pode vir a ser causada pela falta de investimentos do Governo Federal e ameaças de privatização do sistema.
João Paulo informou que o Metrô do Recife é o terceiro maior do País em demanda, atendendo a quatro municípios: Recife, Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe e Cabo de Santo Agostinho. “É toda uma estrutura que, em períodos de normalidade econômica e política, serviu a população com eficiência, consolidando-se como patrimônio público do pernambucano”, disse.
Porém o cenário atual, segundo ele, não é animador. “Sem investimentos, os problemas se avolumam: a superlotação em horários de pico, com nove passageiros por metro quadrado, quando o limite seria de quatro; a alta temperatura nos vagões, devido a problemas constantes no sistema de refrigeração e à quantidade de passageiros; o aumento de insegurança devido à precariedade de trabalhadores na área com a não-efetivação dos concursados; além da quebra de trens e da manutenção com peças usadas e recuperadas”, listou.
Por sua vez, Teresa Leitão propôs a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Alepe para

abordar o tema do transporte público metropolitano de maneira ampla. “Fizemos um debate, em junho do ano passado, em que ficou demonstrada a existência de elementos suficientes para a instalação de uma CPI que envolva o Grande Recife Consórcio, o Estado e os municípios que são consorciados, bem como o ente federal”, lembrou. “Na época, consegui 15 assinaturas para instalar a Comissão, mas eram necessárias 17.”
A petista informou que, além do aumento no preço das passagens – considerado abusivo pelos participantes –, a audiência pública apontou outras dificuldades, como a manutenção dos ônibus, o cumprimento de itinerários, a “queima” de paradas, os assaltos frequentes e a ocultação de dados sobre o transporte coletivo. “Disseram, na época, que a CPI seria algo da Oposição, mas não tem esse foco”, alegou.
Segundo ela, demandas para debater o tema vêm chegando isoladamente aos gabinetes dos parlamentares. “Mas a gente precisa organizar. A mobilidade urbana é um direito dos cidadãos e da cidadãs”, apontou Teresa. “Quero me associar aos colegas e dizer que não adianta apenas debater se o veículo será ou não refrigerado. Precisamos, enquanto Assembleia Legislativa, participar de maneira ampla dessa discussão e apontar soluções abrangentes.”

Já Wanderson Florêncio usou a tribuna para repercutir uma reportagem sobre os BRTs publicada nessa segunda (27) em jornal local de grande circulação. “O título se refere às ‘estações-monstro’ e reflete a sensação de quem usa o transporte urbano: medo do abandono, assaltos e descaso permanente”, comentou.
Fruto de investimentos da ordem de R$ 300 milhões, o sistema foi inaugurado em 2014 com a promessa de ser “o melhor do País e o segundo melhor do mundo, até com estações climatizadas, num padrão que só existe em Dubai”, relembrou o parlamentar. “Em qualquer lugar sério, não teríamos esse cenário. Além disso, todo ano são investidos R$ 5,5 milhões para fazer a manutenção das paradas”, complementou.
Estações quentes, quebradas, sem acessibilidade, abandonadas e perigosas foram as principais queixas dos usuários. “Também avança outro problema: o de pessoas que invadem o local sem pagar passagens”, complementou Florêncio. “Apresentei um projeto que prevê que os ônibus tenham entrada USB e wi-fi, de modo que o usuário tenha maior qualidade no transporte público. Nesta legislatura, eu estou de mãos dadas com os colegas para que a gente possa reverter esse descaso. Se a Câmara do Recife tomou a iniciativa de debater o ar-condicionado nos ônibus, nós temos que ampliar a questão”, defendeu.
