Médicos retornando para Cuba
Médicos retornando para Cuba
​Por Márcio Maia

 

​Jair Bolsonaro (PSL) ainda não tomou posse como presidente da República, mas suas declarações estapafúrdias e sem nexo já começam a prejudicar os brasileiros, especialmente, os mais carentes que dependem exclusivamente do serviço público por não terem condições de acesso aos serviços oferecidos por empresas privadas. Os primeiros prejudicados nessa situação, são cerca de 30 milhões de brasileiros, a maioria residente no Nordeste e Norte, que dependem exclusivamente dos serviços médicos que ainda estão sendo prestados por médicos cubanos.

​Durante a campanha eleitoral e mesmo depois de ser eleito, Bolsonaro fez severas críticas aos profissionais, chegando a insinuar que eles não tinham capacidade intelectual para atender aos brasileiros. Também enfatizou que o Brasil não poderia continuar financiando a “ditadura cubana”, comparando os profissionais a escravos, porque eles encaminham cerca de 70 por cento de seus ganhos ao Governo Cubano. As declarações deixaram bastante irritados os dirigentes daquele país. Sentidos com as ofensas, os responsáveis pelos contratos decidiram não renová-los. O Ministério da Saúde de Cuba determinou que os médicos devem voltar à ilha até o final do ano.

​Ao tomar conhecimento da decisão, Bolsonaro tentou justificar, adiantando que não haverá problema uma vez que as Prefeituras Municipais poderão contratar médicos brasileiros para ocupar as vagas de mais de 8.500 cubanos que trabalham em 2.885 municípios. Também chegou a tentar tirar sua responsabilidade, alegando que ainda não havia tomado posse.

​Bolsonaro parece não saber que, em 1.575 municípios, os moradores deles e das cidades próximas dependem apenas dos cubanos porque nenhum brasileiro aceita trabalhar naqueles locais. Antes da chegada dos cubanos naquelas regiões, a maioria da população nunca havia recebido qualquer tipo de atendimento médico.

​O presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (AMUPE), José Patriota, lamentou profundamente a situação, pois apesar do esforço dos prefeitos pernambucanos e do Governo do Estado, os quase mil médicos que trabalham no Estado, realizam um trabalho extraordinário e são muito importantes principalmente na chamada “Medicina Preventiva”.

​O presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Glademir Aroldi, também está muito preocupado com a grave situação e criticou o presidente eleito Bolsonaro pelas afirmações preconceituosas, acentuando que ele não conhece a precariedade dos serviços prestados pelo Governo Federal nas cidades fora do eixo Rio-São Paulo. Por conta da indiferença da União com o serviço oferecido a milhões de brasileiros, os prefeitos são obrigados a gastar com saúde bem mais do que estabelece a legislação. A li prevê que as Prefeituras devem gastar no mínimo 15 por cento com a Saúde e quase todos gastam muito mais e uma grande parte chega a gastar mais de 30%.

O líder nacional dos prefeitos está apelando para que o Ministério da Saúde cubano revogue a decisão.

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