COLUNA


“O ensino médio está no fundo do poço”, diz ministro da Educação
Por: Monica Weinberg
Que as escolas brasileiras não conseguem fazer frente à imensa maioria de seus pares estrangeiros não é novidade. Surpreendente é o quão distantes as salas de aula daqui estão de um ensino minimamente decente — sim, decente é a palavra. Um relatório divulgado nesta quinta-feira (30) pelo Ministério da Educação (MEC) mostra que uma minúscula fração dos estudantes detém o conhecimento esperado para a série que estão cursando.
Os números do Saeb, termômetro da educação básica oferecida na rede pública, revelam que no 3º ano do Ensino Médio — o maior de todos os gargalos — apenas 4% sabem o que deveriam saber de matemática. Os outros 96% patinam em variados graus de dificuldade. Em português, só 1,7% dos alunos estão em nível adequado.
Em entrevista à VEJA, o ministro Rossieli Soares comenta o Saeb e enfatiza a urgência de uma reviravolta no ensino médio em vigor.
Por que o Ensino Médio precisa mudar?
Porque ele não é atrativo a um número considerável de jovens, que acabam abandonando os estudos. Os que persistem dizem, pesquisa após pesquisa, que não veem sentido no que estão aprendendo. E os dados do Saeb estão aí, para provar que o ensino médio brasileiro está mesmo no fundo do poço. Temos uma fórmula velha, que se pretende inclusiva, mas que, na verdade, é uma grande produtora de desigualdades.
De que maneira o Ensino Médio aumenta as desigualdades?
Um modelo inflexível, engessado e igual para todos só serve a um tipo de aluno. Portanto, é excludente.
Os críticos do novo ensino médio afirmam o oposto: criar escolas diferentes entre si vai deixar uma turma na segunda classe do ensino, argumentam.
A experiência internacional mostra que oferecer caminhos distintos é a maneira de trazer mais jovens às salas de aula. O que temos hoje no Brasil vai na trilha inversa — trata-se de um sistema que expulsa. Entendo que mexer com o status quo é sempre complicado: as pessoas têm um medo natural.
Com a possibilidade de os alunos montarem sua própria grade de matérias, os professores de disciplinas menos demandadas não podem perder o emprego?
Não. No novo modelo, os professores vão é trabalhar mais horas e de forma conjunta uns com os outros. Terão de aprender a atuar de modo diferente, isso sim, já que a ideia é que a escola integre conteúdos.
Não é fácil fazer isso sem cair no risco de oferecer uma abordagem rasa das matérias?
Não é. Por isso vamos treinar os professores.
Qual é a previsão para a implantação deste novo modelo?
A partir do ano que vem já começa a ser posto em prática, gradualmente, até abranger 100% das escolas em 2022. Não é nada simples. O material didático, por exemplo, terá que ser todo revisado para se amoldar à nova fórmula.
E o Enem?
O Enem precisa e vai mudar.
Os resultados pífios do ensino médio têm conexão direta com a base fraca também no nível fundamental. O que o Saeb mostra sobre isso?
O Saeb revela que o aluno progride pouco ao longo do percurso escolar — e isso vai se agravando nas séries mais avançadas. Se ele tem uma defasagem na alfabetização, logo na largada, isso pode virar uma bola de neve. Uma lacuna pequena no começo tem chance de crescer exponencialmente.
Afinal, falta dinheiro à educação brasileira?
O investimento por aluno ainda é baixo na comparação com outros países, mas as verbas existentes precisam ser geridas de forma mais eficiente. Também precisamos trabalhar cada vez mais em cima de evidências científicas e parar de querer agir na base da adivinhação. Isso é perda de tempo e, claro, dinheiro.
PT versus PT
Com Fernando Haddad confirmado candidato do PT a presidente da República, o deputado Andrés Sanchez (PT-SP) está a um passo de pedir desfiliação do partido. A bronca entre os dois é antiga e vem desde os tempos da Copa do Mundo. É que, quando Gilberto Kassab (PSD), hoje apoiador do tucano Geraldo Alckmin, era prefeito de São Paulo e a arena do Corinthians era promessa para sediar a abertura do Mundial, a prefeitura fechou um acordo com o clube para emissão de títulos (Certificados de Incentivos de Desenvolvimento, Cids). O Corinthians daria os títulos como forma de pagamento para a Odebrecht.
A gestão Haddad, que veio logo depois, cumpriu o acordo e emitiu os títulos. O Ministério Público questionou a operação e os valores dos títulos caíram. A direção do clube queria que a prefeitura recomprasse os papéis pelo valor de face. A prefeitura rejeitou e o Corinthians ficou com o “mico” de R$ 420 milhões na mão. Sanchez não é o único insatisfeito com a escolha de Haddad. Há uma parcela do próprio partido que vai insistir em Jaques Wagner. Sinal de que, sem Lula, o PT tende a perder a aparente unidade e a expor suas divisões internas. E, reza a lenda, quem começa uma campanha às turras não chega a lugar algum. Haja vista o PSDB nas quatro últimas eleições.
Temer é brasileiro…
…Não desiste nunca de tentar melhorar a popularidade. Esse é um dos fatores que levaram o governo a antecipar para setembro os financiamentos de imóveis até R$ 1,5 milhão pelo FGTS. Agrada o segmento da construção civil e a parte do eleitorado considerada formadora de opinião.
CURTIDAS
O ânimo da tropa / Deputados e senadores não têm dúvidas de que Geraldo Alckmin, se chegar ao segundo turno, será presidente da República. Porém, para passar à segunda fase, terá que apresentar um desempenho melhor nas pesquisas para fazer com que as estruturas que o apoiam peçam votos para o candidato tucano. Até aqui, a sensação geral é a de que esse movimento está fraco.
Por falar em Geraldo…/ O candidato do PSDB foi aconselhado a evitar fotos ao lado de enroscados na Lava-Jato. Apoio não se rejeita. Porém, andar abraçadinho, não dá.
…quem está do lado dele, é ela/ Dona Lu Alckmin (foto) comentou com a coluna logo depois do debate que não terá agenda paralela. Circulará pela campanha sempre ao lado do marido. Pelo menos, por enquanto.
Pobre futebol pernambucano
O ano ainda não terminou, restando ainda um terço do período e o nosso futebol praticamente já se despediu dos campos. Quer dizer, ainda resta o Sport, que continua seguindo sua via crucis, e pelo que vem demonstrando já não empolga seus torcedores.
Muito pelo contrário, há quase 3 meses sem ganhar uma partida, jogando em casa ou fora, contra grandes equipes ou equipes de menor expressão, tirou o estímulo da torcida ir a campo. Sua última vitória aconteceu no dia 06 de junho, na Ilha, contra o Atlético Paranaense (1 X 0). Depois disso, veio a Copa do Mundo e, de lá pra cá, foram 11 partidas, com 2 empates e 9 derrotas.
Só para demonstrar a nossa pequenez, basta dar uma caminhada pelas 4 séries do futebol brasileiro.
Na Série A, de 20 clubes, o Sport, único pernambucano, vegeta na 18ª. posição, enquanto o Bahia, também do Nordeste, se situa em 11º.
Na Série B, com o Fortaleza em 1º. lugar, temos 3 nordestinos (além do Fortaleza, o CSA e o CRB, ambos de Alagoas), mas nenhum pernambucano.
Na Série C, em que o Náutico e o Santa Cruz vinham se saindo muito bem, foram eliminados os dois.
Na Série D, já temos um campeão. E não é pernambucano. Essa honra coube ao Ferroviário, do Ceará. O vice-campeão foi o Treze, da Paraíba.
A única série em que ainda temos clubes pernambucanos, é a Série E… dos Excluídos.
Os culpados, nós bem sabemos quem são. E não adianta pôr a culpa na Federação Pernambucana de Futebol. Acompanhei várias das incursões do presidente Evandro Carvalho, em várias ocasiões, buscando garantir melhorias para nossos clubes. Seja em busca de patrocinadores, seja exigindo arbitragem categorizada para os jogos das equipes pernambucanas.
Portanto, reis videri… e procurem se redimir.
Trump ironiza seleção brasileira em reunião com presidente da Fifa
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, posa para foto com o presidente da FIFA, Gianni Infantino, durante encontro na Casa Branca (Leah Millis/Reuters)
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se reuniu na Casa Branca com Gianni Infantino, presidente da Fifa, na última terça-feira, 28, para discutir assuntos sobre a Copa do Mundo de 2026, que terá os EUA, o Canadá e o México como sedes. Trump aproveitou o momento para alfinetar a seleção brasileira.
Em conversa, a jornalista Raquel Krähenbühl, correspondente da Globonews em Washington, afirmou que o Brasil tem a melhor seleção do mundo. Trump ironizou: “O país do futebol. Acho que vocês tiveram um probleminha recentemente”, fazendo referência à eliminação do Brasil para a Bélgica na Copa da Rússia.
O Brasil vai enfrentar a seleção americana no dia 7 de setembro, no Estádio Metlife, em Nova York. O amistoso será o primeiro desde julho, quando o Brasil foi eliminado da Copa. A seleção americana não se classificou para o Mundial.
