Eleições consolidam força do PSB, mas também mostram fragilidades do partido


As eleições de 2016 terminam com um fato inédito em Pernambuco, houve segundo turno em todas as cidades em que existia esta possibilidade, mostrando o acirramento do ambiente político no Estado. Os eleitores de Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes e Caruaru precisaram voltar às urnas neste domingo para optar entre duas candidaturas. Nos prognósticos que fizemos apontamos que os vencedores seriam Geraldo Júlio (PSB) na capital, Raquel Lyra (PSDB) em Caruaru, Anderson Ferreira (PR) em Jaboatão e Antônio Campos (PSB) em Olinda. Acertamos nas três primeiras, enquanto na Marin dos Caetés o vitorioso foi o professor Lupércio (SD).
Com estes resultados o PSB confirma sua força política, dois anos após a morte de Eduardo Campos e Geraldo Júlio se consolida como uma liderança em nível estadual. O prefeito reeleito passa a ser um nome natural à sucessão de Paulo Câmara e pode chegar à presidência nacional do partido, que terá eleições internas no ano que vem. Ao longo da disputa, Geraldo conseguiu reunir uma ampla aliança, que garantiu a ele o maior tempo de TV no primeiro turno. De quebra, “esvaziou” Daniel Coelho no PSDB, evitando que o jovem tucano chegasse ao segundo turno. Uma estratégia correta e bem desenhada, que empurrou João Paulo (PT) para a disputa final. Com o PT desgastado, o caminho para Geraldo ficou mais aberto e vitória veio com tranquilidade.
Em Jaboatão, Anderson, que é deputado federal, confirma a trajetória de crescimento da família Ferreira, que tem um deputado estadual e um vereador do Recife. O grupo agora vai controlar o segundo maior colégio eleitoral de Pernambuco e passa a ser uma força obrigatória para as articulações futuras. Jovem e líder entre os evangélicos, Anderson agora passa a ser um nome referencial em Pernambuco. Em Caruaru a família Lyra recupera o prestígio e volta a comandar os destinos da mais importante cidade do interior. Raquel, filha do ex-governador João Lyra, foi eleita contra a vontade do Palácio, numa acirrada disputa. A vitória dela fortalece o grupo do senador Armando Monteiro (PTB) e posiciona João Lyra como um possível candidato numa chapa majoritária para 2018, seja numa eventual vice ou para o senado. Um novo fôlego para o cacique, que em 2014 foi preterido por Eduardo na disputa ao Governo do Estado.
Em Olinda, por fim, pesou a questão territorial. Os eleitores deram a vitória a um ex-vereador, morador do bairro de Rio Doce, um dos mais populosos da cidade, que conduziu a campanha chamando o adversário de forasteiro. Antônio Campos, por sua vez, queixou-se diversas vezes do pouco apoio que recebeu dos socialistas e pode ser uma voz dissidente na legenda. Ou seja, as eleições de 2016 deram mais força ao PSB, mas mostraram, também, que Paulo Câmara terá que ter muito jogo de cintura para costurar sua reeleição em 2018.
