Muitas coisas diferentes e complicadas já aconteceram no Recife, nos últimos anos. Ontem (9), no entanto, aconteceu uma que pode ser considerada como inédita: choveu dinheiro. O fato aconteceu ao lado de dois dos mais sofisticados edifícios da capital, as conhecidas Torres Gêmeas, no Centro, onde residem alguns dos empresários mais ricos do Estado. Um saco com centenas de notas de R$ 50,00 foram jogados de um apartamento ainda não identificado pela Polícia Federal, que está investigando o caso.
Os policiais federais têm até o momento duas suspeitas sobre o responsável pela chuva de dinheiro. A primeira é de que as notas podem ter sido jogadas do apartamento de Rômulo Maciel Filho, diretor-presidente da Hemobrás, que está sendo investigado como responsável pelo desvio de recursos da Hemobrás. A outra é de que podem ter sido atiradas de um dos apartamentos ocupados por comerciantes chineses, donos de lojas no Centro da cidade e que atuam com muitos produtos contrabandeados e comercializados sem notas fiscais.
A delegada federal Carla Patrícia, de Combate ao Crime Organizado, informou que os sacos e as cédulas foram apreendidas e serão periciadas para verificação se são verdadeiras e se têm resquícios de impressões digitais. Ela informou que o dinheiro foi jogado no momento em que os agentes subiam ao apartamento do executivo.
INVESTIGAÇÃO – A Operação Pulso foi organizada pela Polícia Federal para apurar as denúncias de que uma organização criminosa estava atuando na Empresa Brasileira de Hemoderivados de Biotecnologia (Hemobrás), que funciona no município de Goiana. As primeiras investigações já identificaram prejuízos na ordem de R$ 30 milhões, supostamente praticados por Rômulo Maciel, Mozart Sales, diretor de Produtos Estratégicos e Inovação, e Jorge Luiz Cavalcanti, funcionário do Setor de Engenharia. Também são suspeitos e foram presos preventivamente os empresários Delmar Siqueira Rodrigues e Juliana Rodrigues. Os cinco são suspeitos da prática de peculato, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
A PF já constatou irregularidades em diversos contratos. Um deles, para armazenamento de plasma, no valor de R$ 880 mil, foi rescindido e outra empresa contratada sem licitação passou a receberam R$ 8,3 milhões, pelo mesmo serviço. A Federal confirmou a nova empresa não tinha experiência no ramo o que fez com que a Hemobrás perdesse grande quantidade de plasma que seria destinado ao Sistema Único de Saúde (SUS).
POLÍTICOS – Os policiais federais já constataram que os envolvidos têm fortes ligações com políticos e partidos. Um relatório elaborado pela COAF aponta uma intensa relação entre os envolvidos e campanhas eleitorais no ano passado. Indica operações suspeitas praticadas pelos diretores envolvidos e familiares, transferindo dinheiro através de contas bancárias a assessores parlamentares dos candidatos.
As suspeitas indicam o envolvimento de pelo menos doze pessoas ligadas a políticos, partidos e a campanhas eleitorais em 2014.
O superintendente da PF em Pernambuco, Marcelo Cordeiro, disse que as provas e os dados dos inquéritos instaurados serão encaminhados ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para que as providências sejam tomadas.

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