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O cantor e compositor Josildo Sá nasceu na cidade de Floresta e cresceu em Tacaratu, à margem do Rio São Francisco, no Sertão de Pernambuco. Filho do cantor e exímio sanfoneiro Agostinho de Floresta, Josildo tem uma forte ligação cultural com sua região, embora há muitos anos, esteja radicado no Recife. Nos últimos dias, seu nome vem sendo ventilado para entrar na vida política, candidatando-se a prefeito de Tacaratu. Ele disse em entrevista exclusiva ao jornalista Márcio Maia, do Blog Revista TOTAL, que nunca pensou em se tornar político e que vai continuar sua carreira de cantor, embora muitos amigos estão manifestando apoio, depois qe ele se filiou ao PV.

Revista TOTAL – Como foi sua infância às margens dos Rios São Francisco e Pajeu e do Riacho do Navio?

Josildo Sá – Minha infância em Tacaratu foi muito boa. Tive muita liberdade para, junto com muitos amigos, correr por aquelas terras, caçar passarinho, pescar e tomar banho nos rios, nos períodos de chuva. Também foi muito importante, as lições que aprendi para conviver de forma harmoniosa com a natureza, respeitando sua força, especialmente a das águas. Também tive muitos amigos em Floresta, onde ia constantemente.

 

RT – E a questão cultural?

JS – A cultura do Sertão de Pernambuco é muito rica e muito forte, principalmente às margens do Rio Pajeu. Convivi com muitos poetas, cantadores, músicos de excelente qualidade, embora a maioria não tivesse muita teoria. A maioria deles era autodidata, mas todos de enorme capacidade de produção artística. Em Tacaratu e nas Caraibeiras, vi e ouvi muita gente boa mostrar suas obras primas sem qualquer preocupação com retorno financeiro. Queriam apenas externar os seus trabalhos. Aqueles contatos foram importantíssimos para minha formação cultural.

 

RT – E como você entrou na vida artística?

JS – Eu nunca fui um aluno excepcional, porém sempre conseguia ser aprovado com boas notas. Filho de um música profissional famoso e muito qualificado (Agostinho de Floresta), comecei a ser convidado para participar de festas, reuniões artísticas e as famosas serestas, muito comuns em Floresta nas décadas de 60 e 70. Muita gente achava que eu cantava bem e comecei a me entusiasmar até passar a receber pequenos cachês por minhas apresentações.

 

RT – Quais foram suas raízes na música?

JS – Além dos violeiros e cantadores das feiras e praças públicas, cresci ouvindo os grandes nomes da MPB naquele período: Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Ari Lobo, sem contar Nelson Gonçalves, Cauby Peixoto, Altemar Dutra, Valdick Soriano e outros monstros sagrados. Ouvia as músicas no radio e também nos alto-falantes das festas de rua, que chamavam a atenção de toda a população. Também era muito comum naquela época, a passagem dos circos populares, que sempre tinham muitos cantores.

 

RT – Você tem se mostrado um intérprete muito versátil…

JS – Realmente. É porque a minha base musical é muito vasta. Gosto muito de cantar forró, baião, xote e marchinhas juninas. Também sou apaixonado pelo samba de latada. Por sinal, considero o meu trabalho com o inesquecível Paulo Moura, um dos mais importantes da minha carreira. Paulo era um músico admirável e com quem tive um imenso prazer de trabalhar.

 

RT – E como se deu sua entrada no carnaval do Recife?

JS – Foi uma coisa inesperada e que me deu muitas alegrias. Fui convidado pela dupla de compositores Nuca e Eriberto, por sinal dois excelentes compositores, para cantar a música deles que ia concorrer ao concurso de frevos do Galo da Madrugada. A música era uma homenagem ao centenário de Seu Luiz. Foi uma experiência maravilhosa, pois o desfile do Galo é algo indescritível, com uma energia fortíssima. Você ver e ouvir milhares de pessoas cantando juntas, é uma coisa maravilhosa.

 

RT – E essa história de você entrar na política?

JS – Isso é um assunto que começou a ser comentado na minha cidade, por meus amigos, depois que eu me filiei ao Partido Verde. Essa filiação foi uma coisa ocasional que alguns amigos me pediram porque eles queriam implantar o partido no município e precisavam de apoio. Como o PV é um partido que tem uma filosofia com que me identifico muito, terminei aceitando. Mas, não existe nada de positivo, pois o que eu sou mesmo é artista.

 

RT – Se por acaso, você se elegesse prefeito de Tacaratu, o que você faria?

JS – Eu acho que seria um prefeito voltado para a cultura e também para melhorar as condições de vida da população mais carente. O orçamento da Prefeitura de Tacaratu é muito pequeno, mas eu procuraria direcionar os recursos para a produção agrícola, dos bodes e também incrementaria a produção de peixes do Rio São Francisco. Outro ponto seria valorizar a cultura popular e a produção do artesanato do distrito de Caraibeiras, que tem um grande potencial e precisa de uma maior divulgação. Mas, isso são só ideias, porque o que eu quero mesmo é dar segmento a minha carreira de cantor.

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