Recebi muitas imagens de leitores pela passagem ontem dos 125 anos de emancipação política de Petrolina. Adoro Petrolina, amo Juazeiro (BA), cidades irmãs, separadas e ligadas pelo umbigo do Rio São Francisco. A que mais gostei foi a que ilustra esse texto, porque é o retrato da Petrolina moderna que se descortina.

A Petrolina que cresce contrariando todos os prognósticos. Cresce até na pandemia. É a cidade mais pujante do Nordeste, maior centro brasileiro de frutas exportadas pelo milagre da irrigação. É o retrato mais fiel do Nordeste que deu certo, livro que escrevi em 1993 com foco no potencial da região e nos projetos econômicos que deram certo, seja com financiamento do Finor ou não.

Petrolina é apaixonante. Encanta seu povo e sua beleza. O milagre da sua transformação se dá pelas águas milagrosas do Velho Chico. O rio de tantas histórias, lendas e mistérios virou a página da seca, fenômeno climático que matou muita gente de fome e ainda maltrata uma legião de irmãos brasileiros em terras do semiárido.

Jorge saiu de Altinho para imortalizar Petrolina-Juazeiro. “Nas margens do São Francisco nasceu a beleza/ E a natureza ela conservou/ Jesus abençoou com sua mão divina/ Pra não morrer de saudade vou voltar pra Petrolina.

Do outro lado do rio tem uma cidade/Que na minha mocidade eu visitava todo dia/ Atravessava a ponte, mas que alegria/Chegava em Juazeiro, Juazeiro da Bahia/
Petrolina, Juazeiro/ Juazeiro, Petrolina/ Todas as duas eu acho uma coisa linda/ Eu gosto de Juazeiro/ Mas adoro Petrolina”.

Meu amigo jornalista e poeta Carlos Laerte bem disse: “Petrolina dos missais, da passagem e dos sonhos. Somos todos remeiros filhos desta mãe gentil, leito de muitos rios e histórias tangidas por silenciosos tropeiros. Por onde ventam dor e riso, vale rimar rima com rima, cari com cariri, veios e vertentes. Vale um bronze ao sol, um brinde à flor do Chico, um brado vaqueiro pra remar remo com rima. Canção de pedra, catedral e padroeira.

Nestas mesmas águas turvas e cristalinas, teus filhos alegres, tristes e poetas pintam as flores da ribanceira do rio com as cores deste céu Celestino em aquarela. Mais que um dom, Malan, um tom sincero de repentistas e lavadeiras, entre os claros e escuros do sangue negro de Ana, dos segredos e mistérios da mata branca, ca-a-tin-ga.

Petrolina é a mesma luz do sol que encandeia, da noite longe que mora em mim e a natureza ela conservou: ora pião, ora ponteira. É vapor e é barca, barcarola e beira, carranca e apito de trem. Pássaro de muitas raízes e rara plumagem, ela também é menina e, pode prestar atenção, ao sorrir, todo vale se ilumina. O Juazeiro, menino que mora ao lado, todo dia dá psiu mas o rio não deixa os dois se abraçar. Quando dorme a ponte e o Nego D’água vai fazer amor lá nas funduras, fica só a brisa que vai e vem, um bem que vem e volta feito maretas e marolas de um canto, espaço e tempo onde todo lado é bonito.

blog do Magno Martins

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