Evaldo Costa

Foi em abril de 2004 que me reinseri no contexto pernambucano, depois de quase dois anos passados no exterior, a trabalho.

Um dia, li nos jornais que o então ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, estaria comandando um evento na UFPE.

Quando ele chegou, eu já estava na pequena plateia. Imediatamente, fui convidado para ir a Brasília, participar d desenvolvimento do planejamento estratégico do MCT. Dali em diante foram dez anos de colaboração ininterrupta.

Tive a honra de coordenar a Comunicação da campanha de 2006 e fui secretário de imprensa nos dois mandatos que Eduardo cumpriu no estado. Nunca ninguém confiou tanto em mim: acumulei o comando da assessoria de imprensa e da política de comunicação, como poucos fizeram antes e ninguém fez depois.

Foram anos de entrega aos deveres do cargo. Com Eduardo não havia meia-medida. Trabalhávamos de domingo a domingo, sem hora pra acabar. As maiores dificuldades eram enfrentadas com debate sobre as
alternativas e estratégias seguidas à risca.
Concluídos os 88 meses dos dois mandatos, o saldo era um legado de dimensão épica. Eduardo arquivou as picuinhas políticas, características de Pernambuco. Redefiniu os contornos das alianças. Reposicionou o
estado como centro econômico, social e estratégico do Nordeste.

É consenso que a educação pública deveria ser priorizada? O governo Eduardo Campos colocou a escola pública do estado como a melhor do Brasil.

Precisamos de empreendimentos estruturadores? Tivemos montadora, meia dúzia de estaleiros e mais.

Saneamento é importante? Temos a maior e mais bem sucedida PPP do Brasil até hoje.
Olhando este balanço é inevitável pensar – como Manuel Bandeira – sobre o que poderia ter sido e que não foi.

Se Eduardo Campos estivesse entre nós, o Brasil atual não seria o país do ódio e das brigas sem sentido, mas a pátria do entendimento. Não seria o vice-campeão mundial de mortes por coronavírus, mas o padrão global de enfrentamento eficiente da pandemia.

Com saudade, mas cheios de esperança, olhamos para o futuro certos de que as lições estão aí, à disposição de todos. Eduardo vive.
Seu legado é uma tocha que deve iluminar a caminhada do Brasil rumo a um novo momento de paz, progresso e justiça social.


Evaldo Costa, é jornalista

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