Ou se criam leis duras, eficazes e eficientes contra os vândalos do futebol, ou os estádios em breve estarão vazios enquanto os torcedores estarão em suas casas, protegidos por grades, assistindo o jogo pelo rádio ou pela tv

Torcedores do Santa Cruz comemorando os 106 anos do clube no Pàtio de Santa Cruz

Por Marcos Lima Mochila

Logo após o pânico provocado por vândalos travestidos de torcedores rubro-negros, durante as comemorações dos 106 anos do Santa Cruz, que se realizavam no Pátio de Santa Cruz, berço da equipe tricolor, o presidente da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), Evandro Carvalho, em entrevista à Rádio Jornal, afirmou que a Polícia Militar de Pernambuco deveria ter a autorização para matar os vândalos que provocaram o tumulto.

Evandro Carvalho, presidente da FPF (Foto: Arthur de Souza/Folha de Pernambuco)

“Eles são um câncer que não conseguimos resolver. Atribuo a culpa exclusivamente ao Congresso Nacional. Com essas leis frouxas, inadequadas, nós ficamos reféns dos marginais. São criminosos que se utilizam do evento do futebol ou da existência de uma entidade para extravasar essa chaga social. A Polícia Militar precisa ser elogiada. Eu lamento apenas que ela tenha atirado para cima. O ideal é que tivessem atirado neles”.

Após essas declarações do presidente, muitas pessoas, inclusive da imprensa pernambucana, foram às redes sociais criticar Evandro. Inclusive muitos dos profissionais da imprensa para os quais, há dois anos atrás, enviei um chamado para que nos uníssemos para acabar com esse vandalismo, pois eu havia conversado com o deputado estadual Ricardo Costa e ele se colocara à nossa disposição para fazer o que fosse possível para acabar com esse terror que domina as ruas e amedronta as famílias, e não só em dias de jogos. Só não lembro de esses mesmos profissionais terem protestado, ao longo dos últimos anos, pelas mortes que já ocorreram motivadas pela ação desses vândalos que também causaram a invalidez de muitos outros torcedores.

Vereador Antônio Luiz Neto (PTB)

E, no meio de toda essa falação, e da defesa do pessoal dos Direitos Humanos que só se preocupa com os direitos dos bandidos, dos presidiários, dos assassinos de pessoas inocentes, de pais de famílias, de jovens e de crianças, além de causarem o medo e manterem as pessoas presas em dias de jogos, um político deu uma declaração bastante sólida e coerente: o vereador de Recife, Antônio Luiz Neto (PTB). “Não adianta extinguir torcida que faz uma bonita festa nos estádios. É preciso uma legislação mais punitiva para quem comete o vandalismo”.

Realmente, o problema não é só de Recife, ou de Pernambuco, mas de todo o país. Já passou da hora de o Congresso Nacional debater esses crimes e criar leis que punam severamente esses bandidos que se infiltram entre e fingem ser torcedores para cometer vandalismo, homicídios e terror. Sabemos que a maioria desses políticos que têm o poder de legislar estão mais preocupados com as próximas eleições de outubro, mas se a população se unir e cobrar atitudes urgentes, pode ser que eles acordem, nos dois sentidos: entrem em acordo e acordem do marasmo que mantiveram até os dias de hoje, não obstante todos os crimes cometidos por esses bandidos.

Deputado Federal Felipe Carreras (PSB)

Um projeto de lei de autoria do deputado federal Felipe Carreras (PSB/PE) visa adotar penas mais duras aos envolvidos em confusões no âmbito esportivo, sejam em brigas ou perseguições, a PL n° 297/2020. A proposta pretende incluir no estatuto do torcedor pena de três a seis anos de reclusão no caso de o indivíduo se envolver em brigas e depredação de patrimônio público e/ou privado. A mesma pena pode ser aplicada no caso de “perseguição a alguém que se identifica a uma torcida”. O projeto ainda prevê que clubes que patrocinam torcidas organizadas serão responsáveis em casos de danos ao patrimônio.

O Presidente da República, Jair Bolsonaro sancionou, no ano passado, a Lei 13.912/19, que suspende por cinco anos os torcedores que invadirem treinos ou agredirem árbitros, jogadores e jornalistas. “Afastar e impedir torcedores de frequentar locais de eventos esportivos por cinco anos não é nada. Esses atos de violência podem ser praticados em qualquer lugar. Não podemos mais tolerar esse tipo de atitude”, concluiu Carreras.

Se não for o ideal, pelo menos é um bom começo. Será que os demais deputados federais estão preocupados em aprovar de imediato essa PL, transformando-a em Lei?

A Inglaterra sofreu por muitos anos esse mesmo tipo de violência, até que o governo decidiu topmar as rédeas da situação e acabar com o grupo de bandidos do futebol. A Tragédia de Heysel – assim como a de Hillsborough, em Sheffield, na Inglaterra, que matou 89 pessoas – motivou o governo britânico a agir duramente contra a violência das torcidas.

A principal das medidas foi o banimento de torcedores envolvidos em episódios de violência relacionados ao futebol. Agora, os hooligans punidos precisam se apresentar em uma delegacia no momento em que seus times estão jogando. Quando a partida é no exterior, é necessário entregar o passaporte à polícia cinco dias antes do duelo.

O governo inglês também definiu que os estádios precisam ter câmeras de segurança para ajudar a identificar os brigões. Outra medida tomada para que os hooligans sejam coibidos é a presença de agentes policiais infiltrados no meio dos torcedores.

Aqui, por enquanto, a medida mais dura já tomada é a proteção dos bandidos, com a Polícia Militar se encarregando de proteger os vândalos travestidos de torcedores, escoltando-os – e livrando-os de qualquer violência – até os estádios.

Lucas Lyra, estudante atingido por um tiro na cabeça em frente ao estádio dos Aflitos, na entrada de uma partida do Náutico

Quanto aos cidadãos sérios, que vão aos estádios muitas vezes com a família – e, entre tais, filhos menores – esses não têm nenhum tipo de escolta. Esses podem ser ameaçados, violentados, amedrontados e atingidos por tiros, como no caso do estudante Lucas Lyra que, em 2013, foi atingido por um tiro na cabeça, na entrada do Estádio dos Aflitos aonde pretendia assistir uma partida de seu time do coração.

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