Na véspera de Natal, Recife foi abalada e ganhou as manchetes lá fora com a tragédia humana provocada pelo deslizamento de uma barreira em Dois Unidos sem cair sequer uma gota de água do céu, resultando na morte de sete pessoas, entre elas duas crianças de famílias extremamente pobres.

Vários componentes estão por trás da gravidade do acidente, que não deve ser esquecido. Até agora, nem todas as providências foram tomadas e nem é do conhecimento público ainda as razões que provocaram o estouro dos canos de alta potência.

Atente, meu caro leitor, que não chovia na cidade no dia do rompimento desastroso no morro, o que evidencia abandono da população que tem que ocupar áreas de risco construindo suas moradias sobre grandes tubulações da Compesa, em diversas localidades, o que corresponde a morar sobre barris de pólvoras, pois podem estourar a qualquer momento, já que são comuns rompimentos dessas tubulações.

Vale ressaltar que se a Prefeitura não tivesse paralisado completamente a construção de habitações populares, fundamental numa cidade cujo déficit habitacional chega a 70 mil unidades, talvez o desastre tivesse sido evitado, assim como dezenas de outros que podem acontecer por que muitas casas ainda estão construídas sobre a rede de distribuição da Compesa

E o pior, sob o silêncio da estatal, que faz de conta que o problema não existe. É necessário que o Ministério Público apure imediatamente quais as comunidades que ainda correm sérios risco de morte por estarem localizadas sobre redes de tubos da Compesa, antes que novos e terríveis desastres aconteçam.

Colorir os morros da cidade pode até ser uma rima, mas longe de solução. O que o Recife precisa é retomar suas obras estruturadoras, o que não tem sido visto na gestão atual. Nos últimos sete anos, a cidade não sofreu nenhuma intervenção urbana, viária ou de infraestrutura oportuna como se observa hoje em Salvador e Fortaleza, conforme destacou o empresário João Carlos Paes Mendonça em recente entrevista ao blog, com repercussão até hoje.

Salvador não tem o melhor prefeito de capital por mero acaso. Ali, ACM Neto (DEM) operou milagres para desafogar o trânsito, melhorou a qualidade do transporte urbano, investiu fortemente para reduzir o déficit habitacional e o Estado, em parceria com um grupo chinês, tira do papel uma obra invejável aos olhos das concorrentes em atração de turistas, como Recife e Fortaleza.

Refiro-me à ponte de Salvador para a ilha de Itaparica, com 12,4 quilômetros de extensão, 85 metros de altura e orçada em R$ 5,34 bilhões, uma Parceria Público-Privada (PPP), na modalidade de concessão patrocinada.

Dos R$ 5,34 bilhões, o Governo da Bahia entrará com um aporte de R$ 1,51 bilhão. O restante será feito pela iniciativa privada, que vai explorar comercialmente a ponte por 30 anos. O governo estadual argumenta que a Ilha de Itaparica, o sul do Recôncavo e o Baixo Sul terão crescimento socioeconômico estimulado e que o projeto criará 100 mil postos de trabalho em 30 anos.

O projeto sai da Via Expressa, atravessa a Baía de Todos os Santos e chega na Ilha de Itaparica. Dois túneis e quatro viadutos serão construídos por conta da ponte. Isso, sim, é pensar no futuro, sonhar alto e ter ousadia.

Blog Magno Martins

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