Na segunda fase da operação Trânsito Livre, promotores e policiais estiveram em residência de mulher suspeita de desembolsar dinheiro para retirar multa e ter a carteira de habilitação devolvida

Na primeira fase da operação, Polícia Rodoviária Federal (PRF) participou de cumprimento de buscas (Foto: MPDFT/Divulgação)
Na primeira fase da operação, Polícia Rodoviária Federal (PRF) participou de cumprimento de buscas (Foto: MPDFT/Divulgação)

Isa Stacciarini

Postado por Marcos Lima Mochila

 

 

Policiais e promotores do combate ao crime organizado estiveram nas ruas na manhã deste sábado (31/8) para realizar a segunda fase da operação que investiga um esquema de corrupção de cobrança de propina para retirada de multas e devolução de carteiras de habilitação. A equipe cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de uma motorista que teria desembolsado dinheiro para extinguir uma infração de trânsito.

Investigadores apreenderam celular, uma via do auto de infração e outra do extrato do teste do bafômetro, com a informação de que ela teria se recusado a soprar o equipamento. Segundo o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), após a primeira fase da operação, realizada na quarta-feira (28/8), a motorista teria se articulado para destruir a via do auto de infração.

O registro não havia sido inserido no sistema do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF) por causa do pagamento de propina. Promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) reforçam que há indício de crime de corrupção ativa. A operação recebeu o nome de Trânsito Livre.

Além de promotores, participaram da ação policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Centro de Inteligência do MPDFT.

Funcionário da Segurança Pública investigado

Um dos investigados na Operação Trânsito Livre, deflagrada pelos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), por corrupção na liberação de carteiras de motorista apreendidas e de multas no Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF), era funcionário da Secretaria de Segurança Pública do DF.

Preso preventivamente por suspeita de participar do esquema, Expedito Pereira de Oliveira exercia a função de assessor técnico da chefia de gabinete da pasta. Ele foi exonerado quando o secretário Anderson Torres soube das evidências de envolvimento do funcionário nos crimes sob investigação pelo Ministério Público.

Nascido em Teresina, Expedito é motorista de profissão e tem o primeiro grau completo. Na Secretaria de Segurança, recebia um cargo comissionado DFA-09, no valor de R$ 1.447,00.

Primeira fase

Na quarta-feira (28/8), promotores cumpriram mandados de prisão e de busca e apreensão no âmbito da Operação Trânsito Livre. Três investigados foram levados para a delegacia, entre eles um servidor do DER-DF. Com apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF), investigadores do Ministério Público também recolheram documentos e equipamentos no edifício sede da Instituição e nas residências dos presos.

De acordo com a denúncia, as cobranças de propina eram feitas a motoristas autuados ou que tiveram a habilitação recolhida. A atuação do grupo criminoso ocorreria de forma concatenada e cada integrante desempenharia papel específico para o desencadeamento dos crimes.

Um dos envolvidos entrava em contato com a pessoa autuada pelo DER e, se identificando como servidor, oferecia a possibilidade de não inserir a multa no sistema e devolver a carteira em troca de pagamento de propina no valor da metade da dívida com o órgão.

Para adquirir provas, o grupo de investigadores monitorou as ações criminosas durante um período e flagrou encontros entre os suspeitos e os autuados, principalmente no momento do pagamento do acordo ilícito.

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Fechar