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Fim da linha
Por Arthur Cunha
A iminente prisão do ex-presidente Michel Temer, concretizada ontem, deu um fim quase cinematográfico à carreira política de um dos principais caciques do MDB pós-redemocratização. Encerra, também, a hegemonia de um grupo de corruptos que tomou de assalto o partido de Ulysses Guimarães e Tancredo Neves; e manchou a imagem combativa do antigo PMDB, referência na luta contra o regime militar. A derrocada do ex-presidente e do ex-ministro Moreira Franco, também detido ontem, foi a cereja do bolo nesse processo de desgaste eterno ao qual a sigla vem sendo submetida desde que essa tropa ascendeu ao poder.

Some-se a esse cenário de caos para os bandidos as prisões de Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves; a derrota nas urnas de Romero Jucá e Edson Lobão; além da aposentadoria de José Sarney, que deixou a vida pública pela porta dos fundos. A prisão de Temer traz, ainda, outro triste símbolo para a nossa Democracia: a humilhação da Presidência da República enquanto instituições. Logo ela, que deveria ser a mais respeitada. Temos a vergonhosa estatística de dois ex-presidentes presos por corrupção. Que chaga!

Alheio (ou não) à fim do caciquismo emedebista, uma liderança ainda continua de pé, apesar dos revezes que tem recebido: Renan Calheiros – o coronel das Alagoas tem sobrevivido (não sei até quando) às rajadas diárias que recebe. Ironicamente ou não, Renan continua aí, assistindo seus aliados de outrora caindo um a um. Sabe que a mira está apontada para. Mas é dotado de um instinto de sobrevivência aguçado. Vai fazer de tudo para não cair. Eu fico imaginando o que pensou o velho Renan no seu íntimo ao ver a notícia da prisão de Temer. No fundo, ele sabe que seu dia está chegando.

O futuro do MDB, assim como a maioria dos partidos poderosos do passado, ainda é incerto. O partido tem poucas lideranças emergentes capazes de aglutinar; nenhuma tem mostrado força e capacidade de unir em torno de sua liderança as outras forças regionais que formam essa colcha de retalhos partidária. Os líderes remanescentes, distante do moribundo núcleo de poder, a exemplo do senador Jarbas Vasconcelos, estão mais próximos da aposentadoria do que qualquer outra coisa. Se não se reinventar, o MDB pode estar fadado ao mesmo destino de outras siglas, como o antigo PFL: a mediocridade. E isso nunca teve cara de PMDB. Nem quando se fala do de hoje, corrupto que só ele. É aguardar para ver; a história está sendo escrita.

Chefe da quadrilha – Chama atenção os termos usados pelos procuradores do MPF para descrever as ações do grupo do ex-presidente Michel Temer, que levaram ele e outros figurões para a cadeia. Foi de “organização criminosa” à “máfia”. A quadrilha chefiada pelo emedebista tem recebido propina para favorecer empresas do setor portuário há mais de 40 anos. Ou seja, um criminoso de colarinho branco. Um gângster! Cadeia nele e na sua turma! #DentroTemer.
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Chuva de memes – A prisão de Michel Temer produziu uma chuva de memes engraçadíssimos ao longo do dia. De Gilmar Mendes atendendo ao sinal do Batman à imagem de fogos no Réveillon da Austrália, onde o ministro do STF já teria determinado a soltura do emedebista. O próprio Temer foi retratado de todas as formas – um áudio com uma risada para lá engraçada teria sido a reação de Dilma Rousseff ao ver a notícia. Até para José Sarney sobrou. Ele aparece em uma foto de óculos escuro chamando os correligionários de “amadores”.
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Marília no PTB – De olho na disputa pela Prefeitura do Recife, em 2020, e com a porta fechada no PT, a deputada federal Marília Arraes estaria conversando com vários partidos para uma filiação com o objetivo de assegurar legenda. Já se falou em PDT e PSOL. A novidade é o PTB, do ex-senador Armando Monteiro, que poderia ser o destino da neta de Arraes. Lembrando que, se optar mesmo pela desfiliação do PT, Marília pode perder o mandato.

Janela do troca – Apesar de que já se fala em Brasília da abertura de uma nova janela para permitir aos futuros candidatos a prefeito mudarem de partido sem perder o mandato. Além de Marília Arraes, que não terá legenda do PT, a manobra, inclusive, pode beneficiar também o deputado federal Túlio Gadelha aqui no Recife. Se perder a queda de braço para o também deputado Wolney Queiroz no PDT, ele poderia pular para outra sigla e concorrer à PCR.

Curtas

GESTÃO – Surubim será o primeiro município do projeto Gestão Cidadã da Amupe, uma parceria com a União Europeia, a aplicar a metodologia para elaboração de planos municipais com a finalidade de fortalecer a participação e transparência local. A equipe da Amupe fará uma reunião com parceiros locais, hoje, no auditório da Secretaria municipal de Educação, das ‪8h30‬ ‪às 16h‬.

DIVISÃO… – O deputado João Paulo Costa vai tocar o debate sobre o Novo Pacto Federativo na Assembleia Legislativa de Pernambuco. O parlamentar destacou, na tribuna da Casa, ontem, que irá realizar uma audiência pública para discutir o tema no mês de abril. O objeto é reunir representantes da Amupe, UVP; o secretário estadual da Fazenda, Décio Padilha, e a sociedade civil organizada, além do secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida.

… JUSTA – “É importante incluir a Alepe nesse tema, pois os estados e municípios, que estão mais próximos da população, não podem receber uma fatia menor da arrecadação”, destacou João Paulo Costa. Seu irmão, o deputado federal Silvio Costa Filho é o criado da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Novo Pacto Federativo.
Perguntar não ofende: Quanto tempo Temer passará preso?

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