35% da população brasileira sofre de hipertensão arterial
35% da população brasileira sofre de hipertensão arterial

Dr. Alberto Eustáquio Caldeira de Melo – Cardiologia Clínica (*)

Por Marcos Lima Mochila

 
GALO DA MADRUGADAO povo já vem caindo na folia desde o mês de janeiro, imediatamente após o Réveillon, mas o Carnaval mesmo começa a “pegar fogo” a partir deste sábado (2/3), com o desfile do Galo da Madrugada.

Nessas ocasiões, um dos segredos para aproveitar tudo que a data oferece é cuidar bem da saúde.

Os hipertensos, sobretudo, têm que tomar algumas precauções para poder estar pronto para a segunda grande festa pernambucana, que é o São João.

Por isso, conversamos com o Dr. Alberto Melo, que nos dá muitas orientações a respeito do assunto.

A hipertensão arterial sistêmica, conhecida popularmente como pressão alta, é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA). Associa-se frequentemente a alterações funcionais e/ou estruturais  de vários órgãos, como coração, cérebro, rins e vasos sanguíneos e a alterações metabólicas. É uma doença na maioria das vezes silenciosa e aumenta o risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais.

No Brasil, as doenças cardiovasculares (DCV) têm sido a principal causa de morte. As DCV são ainda responsáveis por alta freqüência de internações, ocasionando aumento dos custos médicos e socioeconômicos. Inquéritos populacionais em cidades brasileiras nos últimos 20 anos apontaram uma prevalência de HAS  em torno de 32%, ou seja, 1 em cada 3 brasileiros é hipertenso, considerando-se valores de PA ≥ 140/90 mmHg.

Vamos imaginar um coração A  fazendo uma força X para vencer uma pressão arterial de 120 x 80 mmHg. Agora, imagine um coração B fazendo uma força Y para vencer uma pressão arterial de 180 x 100. Com o passar do tempo qual coração estará mais passível de sofre um maior desgaste? Qual coração ficará hipertrofiado (aumento da massa muscular)? É lógico que o coração B estará trabalhando mais forçado que o coração A e, com o passar do tempo, acabará sendo susceptível a um maior desgaste. Esta situação de maneira sustentada acabará ocasionando lesões também em outros órgãos do corpo.

A pressão alta é uma doença de fácil controle e a meta na maioria dos pacientes é mantê-la em 120 x 80. Não adianta o paciente falar: “a minha pressão é 190 x 120, mas eu não sinto nada”. Um dia vai começar a sentir e muitas vezes de forma irreversível. Portanto, ao tratamento e a MHV – MUDANÇA DE HÁBITOS DE VIDA é a primeira conduta e muitas vezes apenas com ela a pressão arterial pode normalizar.

– Redução do peso corporal

A meta é manter o Índice de Massa Corporal (IMC) menor que 25 kg/m2 e uma circunferência abdominal em 102 cm para homens e 88 cm para as mulheres. Para calcular o seu IMC use a formula: IMC = Peso/altura2.  Existe uma relação direta entre ganho de peso e aumento da hipertensão arterial e da mesma forma que, para cada 10 kgs de peso a menos, o paciente obeso e hipertenso poderá ter uma redução na sua pressão arterial entre 5 a 20 mmHg.

– Dieta hipossódica (pouco sal)

O fazendeiro quando vai vender uma partida de gado coloca sal no cocho e água ao lado. Já o comprador de gado mais experiente exige que o gado fique preso, sem sal e sem água por 12 horas. A conclusão é simples: aonde o sal vai, a água vai atrás e a retenção hídrica provocada pelo sal também ocasiona aumento da pressão arterial. Uma simples diminuição da ingestão de sal pode reduzir a pressão arterial em até 2 a 8 mmHg.

– Hábitos alimentares

A dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) promove importante impacto na redução da pressão arterial. A dieta mediterrânea e a dieta vegetariana (não radical) também ajudam na redução dos níveis pressóricos.

– Alcoolismo

O paciente hipertenso deve evitar a ingestão de álcool e em ocasiões sociais, consumir apenas 30 grs de etanol, o que corresponde a 600 ml de cerveja ou duas doses de destilados. Isto no caso dos homens. Para as mulheres, metade desta dose. A ingestão de bebidas alcoólicas comprovadamente eleva a pressão arterial poucas horas depois e a abstinência pode reduzir a pressão arterial de 2 a 4 mmHg.

– Exercícios físicos

O exercício físico deve ser estimulado desde a infância para todas as crianças, em particular para aquelas que têm casos de hipertensão arterial no âmbito familiar. O sedentarismo contribui para o aumento da pressão arterial. Já o exercício físico regular comprovadamente ajuda a reduzir a pressão arterial. O ideal são 30 minutos de caminhada diariamente e esta atividade pode reduzir a pressão arterial em até 4 a 9 mmHg.

– Estresse

O cotidiano estressante não altera apenas a pressão arterial como também provoca dislipidemia (alterações das gorduras), pode levar ao diabete e também ao aumento da pressão arterial, dentre outras patologias. Comprovadamente a Doença da Artéria Coronariana também tem relação com o estresse. Alem do estresse psicológico relacionamos também a raiva, depressão, hostilidade, ansiedade dentre outras alterações emocionais que ajudam na elevação da pressão arterial.

– Tabagismo

A nicotina aumenta a pressão arterial por reação simpaticomimética alem de interferir de maneira adversa na ação de alguns medicamentos anti-hipertensivos.

Para finalizar é importante dizer que na pressão arterial limítrofe, pressão arterial estágio 1 e ás vezes mesmo a pressão arterial estágio 2, (veja quadro abaixo) em vários casos, apenas as medidas de mudanças de hábitos de vida podem reduzir a pressão arterial para níveis normais, evitando desta maneira o uso de medicamentos. Após a decisão de iniciar com a terapia medicamentosa, está não substituí a MHV e sim, a complementa.

Portanto para uma vida mais saudável e a pressão arterial controlada, vamos à  M.H.V.

Medida casual no consultório (> 18 anos)

Classificação

 

Pressão sistólica      –           Pressão diastólica

 

Ótima                                             < 120                      < 80

Normal                                           < 130                      < 85

Limítrofe                                   130–139                  85–89

Hipertensão estágio 1             140–159                  90–99

Hipertensão estágio 2             160–179              100–109

Hipertensão estágio 3                 ≥ 180                     ≥ 110

 

DR. ALBERTO EUSTÁQUI CALDEIRA DE MELO

 

(*)Dr. Alberto Eustáquio Caldeira de Melo é formado pela Faculdade de Medicina Oscar Caldeira Versiani, da Universidade Federal de Minas Gerais em 1980 e, em exercício pleno da sua profissão, Dr. Alberto Caldeira trabalha nas especialidades de cardiologia e clínica médica.

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