A conta da festa
Por Arthur Cunha
Carnaval é maravilhoso! Mas é uma festa cara e tem uma conta no final a ser paga. Com patrocinadores sumindo, sobra para o Poder Público bancar parte dos gastos – muitas vezes, até a totalidade deles. Tomemos como exemplo o maior Carnaval do mundo, o de Olinda. A folia na Marin dos Caetés este ano vai custar R$ 6,5 milhões. Menos que os cerca de R$ 8 milhões de 2018, é verdade. Mas, ainda assim, reduzindo a grade, dando ênfase à contratação de artistas locais mais baratos, a prefeitura não conseguiu quem pagasse tudo. Terá que aportar R$ 1,7 milhões de recursos próprios; dinheiro de impostos municipais, como o ISS, que poderia ser investido em outra coisa.
Até os 45 do segundo tempo o prefeito Professor Lupércio não havia arrumado uma cervejaria para patrocinar o Carnaval olindense, como acontece nas principais festas do tipo em todo o país. Só ontem, dia da abertura oficial, foi que a gestão anunciou a AmBev, conforme a coluna já havia antecipado. E, mesmo assim, pagando “apenas” R$ 1,5 milhão – os R$ 3,3 milhões restantes vieram de outros patrocinadores que não são cervejarias. Nos bastidores, apesar de a prefeitura não confirmar, a informação é que o valor inicial pedido tinha sido R$ 5 milhões, três vezes mais do que o fechado. E qual foi o entrave, então?
O problema aí não reside apenas na inabilidade da gestão em conseguir uma marca que deixasse muito dinheiro no município. Até porque atrativos para isso o Carnaval de Olinda tem de sobra. Está, também, na grave crise econômica que acomete o Brasil, e tem feito grandes empresas cortarem drasticamente suas verbas para eventos; estourando nas costas do setor público, como tudo em países de terceiro mundo.
Há, ainda, outros extremos como o de Tabira, no Sertão, onde o prefeito Sebastião Dias cancelou todo o Carnaval para adquirir uma Usina de Asfalto. Claro que existem fatores extras que fazem de Olinda e Tabira realidades completamente diferentes. A questão cultural, o foco das gestões. Não estou nem criticando os dois prefeitos pelas suas decisões. No lugar deles, eu, provavelmente, teria feito o mesmo. O que eu quero é elucidar o debate de como a falta de investimentos do setor privado, que, lógico, tem seus motivos, está dificultando a viabilização de eventos de grande porte no Brasil, a exemplo do Carnaval. E aí, pessoal, todos perdem.
“Bichos Escrotos” – Deu na Folha de São Paulo que suas excelências, os procuradores federais, aumentaram a pressão sobre o Conselho Superior do MPF por penduricalhos, depois do fim do pagamento do auxílio-moradia, extinto pelo STF. Hoje, o conselho deve julgar um projeto que prevê o pagamento de gratificação por acúmulo de funções. É, meus amigos, os semideuses do serviço público estão pouco se lixando para o que é certo. Eles só querem lucrar. “Bichos Escrotos”, como diria a música dos Titãs!
Auxílio-mudança – Mudando de poder, mas não de safadeza: dos 251 deputados federais que já trabalhavam em Brasília e se reelegeram para um novo mandato, apenas 13 abriram mão do auxílio-mudança de R$ 33,7 mil – com esse dinheiro todo, eu me mudaria para o outro lado do mundo. Ou seja, botaram a “verbinha” no bolso e vão brincar o Carnaval. Ah, na lista dos 13 não tem nenhum pernambucano. Nem o tal paladino da ética, que gosta de posar de bom moço nas redes sociais, mas é mais sujo que tudo na vida real. Estamos de olho! Não escorregue, não…
Lei controversa – Condeno a 27 anos de prisão por corrupção no Governo de São Paulo, o criminoso Paulo Preto, operador do PSDB, pode não cumprir a pena por outro crime pelo qual foi denunciado porque completa 70 anos no próximo dia sete de março. Nesse caso, a lei derruba pela metade o tempo de prescrição dos delitos cometidos. Como se um homem dessa idade, saudável, não tivesse condições de cumprir pena na prisão. A mensagem da legislação brasileira é que, não importa o que você tiver feito, depois dos 70 você estará livre.
Audiência pública – Atento ao imbróglio do aumento das passagens, o vereador Alcides Teixeira Neto propôs uma audiência pública para discutir seu Projeto de Lei 360/2017 – a matéria determina a instalação de ar condicionado em todos os ônibus que circulam no Recife. O encontro acontecerá no próximo dia 15, na Câmara; e vai reunir parlamentares, representantes dos movimentos pela democratização do transporte público, das empresas, e da própria sociedade civil organizada.
Curtas
AGENDA CHEIA – Em seu primeiro ano como secretário de Turismo e Lazer de Pernambuco, o deputado Rodrigo Novaes terá uma agenda cheia neste Carnaval. Junto com o governador Paulo Câmara, Rodrigo, que foi, ontem, à Olinda, estará no Marco Zero hoje à noite; no Galo da Madrugada, amanhã; no Papangu de Bezerros, domingo; nos maracatus de Nazaré Mata, segunda. Na terça, o secretário ainda vai esticar para o Sertão. Haja fôlego!
IMPRENSA QUE VAI – Um temendo sucesso a edição 2019 do Bloco Imprensa Que Vai, realizado, ontem, no Recife. Grande folião que é, o empresário Eduardo Monteiro, presidente do Grupo EQM, reuniu a nata da classe política e da sociedade pernambucana no evento, que aconteceu no Parador.
EVOÉ – A coluna, assim como o Blog, fará uma merecida pausa neste Carnaval. Mas este colunista, entre uma folia e outra, vai apurar as presepadas que nossos políticos farão nos quatro dias de festa. Quinta-feira que vem, nós voltaremos com tudo. Se for brincar, brinque na paz! Se for descansar, durma muito porque 2019 está só começando. Evoé… Eu quero é freeeevooooo!
Perguntar não ofende: o ministro da Educação chega na Páscoa?