Durante o ano, grandes personagens da política e da sociedade brasileira foram parar atrás das grades; relembre
Lula, Pezão e João de Deus: as prisões de 2018 (Montagem/EXAME/Reprodução)
Lula, Pezão e João de Deus: as prisões de 2018 (Montagem/EXAME/Reprodução)
Por Clara Cerioni

 

São Paulo — O ano de 2018 ficará marcado na história do Brasil como um dos mais conturbados na arena política após o período pós-redemocratização iniciado em 1985.

Grandes nomes da cena nacional foram detidos, caciques políticos entraram na mira de investigações, como o tucano Aécio Neves, e outros perderam o foro privilegiado após não conseguirem se eleger em outubro.

A investida da Operação Lava Jato para investigar casos de corrupção envolvendo políticos e autoridades, principalmente no estado do Rio de Janeiro, também ganhou destaque. Uma das operações culminou na prisão do atual governador, Luiz Fernando Pezão, em novembro.

Meses antes, em abril, a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na época líder nas pesquisas de intenção de voto para as eleições deste ano, mexeu com a opinião pública.

E agora, no meio de dezembro, a revelação do escândalo sexual envolvendo o médium João de Deus ganhou repercussão nacional. Até agora, esse é considerado o maior caso conhecido de abuso contra mulheres no país.

Veja quais foram os casos mais emblemáticos:

LULA ARREPENDIDOLula — 7 de abril

Condenado por duas instâncias da Justiça brasileira por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex no Guarujá (SP), o ex-presidente está detido na sede da Polícia Federal, em Curitiba, desde 7 de abril.

A ordem de prisão foi decretada por Sérgio Moro, então juiz federal e futuro ministro do governo Bolsonaro.

O petista foi preso em São Bernardo do Campo, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em meio a grande comoção de seus apoiadores, que tentaram diversas vezes impedir que ele se entregasse à polícia.

Hoje, o ex-presidente cumpriu oito meses do total de 12 anos e 1 mês da pena definida pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). Além desse caso, o ex-presidente é réu em mais 8 ações penais, que ainda não foram concluídas.

Sua condenação ainda é questionada por sua defesa, que durante esse período entrou no Supremo Tribunal Federal com pedidos de habeas corpus, alegando que Lula é um “preso político” e que “não há provas concretas contra ele”. Até agora, todos os pedidos foram negados.

Luiz Fernando Pezão — 29 de novembroPEZÃO 2

Neste ano, a força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro deflagrou uma série de operações de combate à corrupção no Estado. No fim de novembro, o alvo foi o atual governador, Luiz Fernando Pezão.

Primeiro chefe do executivo do Rio a ser preso exercendo mandato, Pezão foi detido após revelações da delação de Carlos Miranda, que foi operador financeiro do ex-governador Sérgio Cabral.

Cabral está preso desde novembro de 2016 e tem condenações que somam quase 200 anos de prisão. Pezão foi o seu vice por dois mandatos, assumiu o governo quando Cabral renunciou e foi então eleito.

Segundo Miranda, conhecido por ser o “homem da mala” de Cabral, Pezão recebia 150 mil reais de mesada. Ele também chegou a receber dois bônus de 1 milhão de reais cada e um décimo terceiro salário.

Sua defesa entrou com pedido de habeas corpus no STF, questionando a legalidade de sua prisão, mas o ministro Alexandre de Moraes negou a solicitação.

NETO1385.jpg   GOIANIA GO 16/12/2018  METROPOLE - JOAO DE ABADIANIA / APRESENTACAO / PRESO      João Teixeira de Faria, conhecido como  Joao de Deus deixa Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic) em direcao ao  IML para fazer exame de corpo de delito apos prestar depoimento ..  Pouco depois das 16h deste domingo (16/12), João de Deus se entregou às autoridades goianas. A defesa do médium negociava a rendição dele com a Polícia Civil de Goiás desde sexta-feira (14/12), quando a Justiça do estado expediu mandado de prisão contra João de Deus. Ele é acusado de abusar sexualmente de centenas de mulheres – alguns atos teriam acontecido há mais de 20 anos. Às 17h55, o comboio policial com o médium chegou à Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), em Goiânia. A apresentação ocorreu numa encruzilhada de uma estrada de terra na BR-060, na zona rural de Abadiânia (GO) João de Deus teria passado os últimos dias em um sítio na região. Foram ao encontro do médium o delegado-titular da Deic, Valdemir Pereira da Silva, e o delegado-geral da Polícia Civil de Goiás, André Fernandes. Os policiais chegaram ao local marcado para a rendição em três carros e o acusado, no veículo do advogado responsável por negociar a rendição, Alberto Toron, com o delegado-geral da Polícia Civil. João de Deus não foi algemado. FOTO ERNESTO RODRIGUES /  ESTADAO
João de Deus não foi algemado. (Foto: Ernesto Rodrigues / ESTADAO)

João de Deus — 16 de dezembro

Protagonista do maior escândalo de abuso sexual no Brasil, o médium João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, foi preso na semana passada, acusado de violentar mais de 330 mulheres — incluindo sua filha.

A onda de denúncias foi disparada após 13 mulheres relatarem os abusos no Programa do Bial no começo do mês, mas sua prisão só foi decretada pela Justiça de Goiás, onde o médium atua, após ele ter movimentado 35 milhões de reais de suas contas bancárias.

Segundo o Ministério Público do estado, que investiga os abusos, o dinheiro poderia ser usado para uma eventual fuga ou para o pagamento de eventuais indenizações às vítimas.

Carlos Ghosn — 19 de novembroPRESOS 2

O empresário brasileiro Carlos Ghosn chefiava a Nissan Motors quando foi preso em novembro acusado de ocultação de pagamentos milionários e irregularidades fiscais.

O executo foi detido em Tóquio e ainda não há previsão de que ele seja solto. Ele foi demitido da empresa, que já conduzia uma investigação interna nos últimos meses para investigar sua conduta.

A repercussão de sua detenção derrubou as ações da Renault na bolsa de Paris. Ghosn liderou a aliança Renault-Nissan-Mitsubishi até o topo da indústria automotiva mundial.

PRESOS 3Adélio Bispo — 6 de setembro

Adélio Bispo foi o responsável pelo ataque a faca no futuro presidente, Jair Bolsonaro, quando ele ainda estava em campanha eleitoral em Juiz de Fora (MG).

Preso no próprio dia do atentado, Bispo alegou, ao prestar depoimento à polícia, que agiu motivado por “questões pessoais”.

Investigação da Polícia Federal concluiu que o agressor agiu sozinho no ataque, sem ajuda de terceiros. Segundo o inquérito, sua motivação foi por discordâncias que tinha em relação às propostas políticas de Bolsonaro.

José Yunes e Coronel Lima — 29 de marçoPRESOS 4

Conhecidos como amigos de Temer, o advogado José Yunes, ex-assessor especial do Planalto,  e o Coronel Lima foram presos em março no inquérito dos portos.

Ambos tiveram seus sigilos bancários quebrados pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso na mesma decisão em que foi decretada a quebra do sigilo de Temer. Lima foi apontado como operador de propinas do atual presidente.

O mesmo ministro, no entanto, mandou soltá-los alguns dias depois, em primeiro de abril, alegando que a detenção era preventiva.

Nesta quarta-feira (19), a PGR (Procuradoria-Geral da República) denunciou o presidente Michel Temer (MDB) no caso dos portos.

PRESOS 5

Dr. Bumbum — 19 de julho

O cirurgião plástico Denis Furtado, conhecido como Dr. Bumbum e que tinha na época quase 650 mil seguidores no Instagram, foi preso no Rio de Janeiro, .

A prisão ocorreu após um de suas pacientes, a bancária Lilian Calixto, falecer horas após ter passado por um procedimento estético em um apartamento na Barra da Tijuca.

O profissional, de 45 anos, e sua mãe, Maria de Fátima Barros Furtado, 66, foram indiciados por homicídio doloso e associação criminosa.

Em agosto, a justiça decretou sua prisão preventiva para “evitar que outros crimes fossem cometidos”. Sua mãe foi solta.

PRESOS 6Marconi Perillo — 10 de outubro

Investigado por pagamento de propina, o ex-governador de Goiás foi detido enquanto prestava depoimento na Superintendência da PF do estado. A detenção do tucano, contudo, durou apenas um dia. Em 11 de outubro, a Justiça mandou soltá-lo.

Ex-governador e ex-senador, Perillo foi denunciado na Operação Cash Delivery por suspeita de envolvimento no pagamento de propina a servidores públicos do estado, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Segundo delações de executivos da construtora Odebrecht, o político recebeu cerca de R$ 12 milhões em recursos ilegais entre 2010 e 2014 para favorecer a empresa em contratos.

PRESOS 7 BRBeto Richa — 11 de setembro

O ex-governador do Paraná foi preso no âmbito de uma investigação do Ministério Público do Paraná sobre o programa Patrulha Rural, implantado para ampliar o policiamento em áreas rurais com viaturas 4×4.

As investigações apuraram a existência de um suposto pagamento milionário de vantagem indevida em 2014, quando Richa era o chefe do executivo do Estado, pelo Setor de Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht.

O objetivo do dinheiro, segundo o MP, era direcionar o processo licitatório para investimento na duplicação, manutenção e operação da rodovia estadual PR-323 na modalidade parceria público-privada.

Eduardo Azeredo — 23 de maioPRESOS 8 EA

Ex-governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo foi o primeiro preso envolvido no esquema do mensalão tucano.

Ele se entregou em maio, para começar o cumprimento de pena de 20 anos e um mês de prisão por peculato (desvio de dinheiro público) e lavagem de dinheiro.

Sua prisão ocorreu 20 anos após os fatos que motivaram as acusações e 11 anos após a denúncia.

PRESOS 9 ALERJ

Deputados da Alerj — 8 de novembro

A Operação Lava Jato no Rio de Janeiro prendeu, de uma vez, dez deputados da Assembleia Legislativa do Rio envolvidos em esquemas de corrupção, durante o segundo mandato do ex-governador, Sérgio Cabral.

São eles: André Correa (DEM); Chiquinho da Mangueira (PSC); Coronel Jairo (SD); Edson Albertassi (MDB); Jorge Picciani (MDB); Luiz Martins (PDT); Marcelo Simão (PP); Marcos Abrahão (Avante); Marcus Vinicius “Neskau” (PTB); Paulo Melo (MDB).

De acordo com as investigações, o grupo recebia propinas mensais para favorecer os interesses dos envolvidos.

Eles também são acusados de lavagem de dinheiro, loteamento de cargos públicos e mão de obra terceirizada, principalmente, no Detran-RJ.

A operação, batizada de Operação Furna da Onça, é a mesma que prendeu Pezão. Todos seguem presos.

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Fechar