Segundo o MP, há quatro anos empresas de ônibus da cidade pagam propina para a gestão de Neves. Ex-secretário de obras de Niterói e dois empresários do ramo do transporte público estão presos
Rodrigo Neves foi presto na manhã desta segunda 10, em ação desdobramento da Lava Jato (Prefeitura de Niterói/Divulgação)
Rodrigo Neves foi preso na manhã desta segunda 10, em ação desdobramento da Lava Jato (Prefeitura de Niterói/Divulgação)
Por Rafael Nascimento

 

 

NITERÓI (RJ) – O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), foi preso, na manhã desta segunda-feira, na Operação Alameda, do Ministério Público do Estado do Rio e da Polícia Civil, um desdobramento da Lava Jato no Rio. Agentes chegaram ao prédio em que ele mora, em Santa Rosa, por volta das 6h, e realizam buscas no local. Ao todo, a operação busca cumprir 5 mandados de prisão e 19 de busca e apreensão.

Prefeito de Niterói, Rodrigo Neves anunciou antecipação de pagamento - Agência Brasil
Prefeito de Niterói, Rodrigo Neves anunciou antecipação de pagamento – Agência Brasil

Além de Rodrigo Neves, estão presos o ex-secretário de obras de Niterói e ex-conselheiro de administração da Nittrans, Domício Mascarenhas de Andrade, o presidente do consórcio transoceânico e sócio da viação Pendotiba, João Carlos Félix Teixeira e o administrador do consórcio Transnit e sócio da auto lotação Ingá,João dos Anjos Silva Soares. Mais um empresário do ramo do transporte público rodoviário, que ainda não teve sua identidade revelada, também é alvo da operação.

O Ministério Público e a Polícia Civil fecharam os acessos da Prefeitura e proibiram a entrada a de funcionários. Quem chegava no local era orientado a voltar para casa. Enquanto isso, os promotores vasculhavam a sede municipal para tentar encontrar possíveis provas.

Segundo o MPRJ, empresas de ônibus pagaram propina para a gestão de Rodrigo neves, entre 2014 e 2018, que somam aproximadamente R$ 10,9 milhões, que foram desviados dos cofres públicos, segundo a denúncia.

Além da casa do prefeito e do seu gabinete, buscam também são realizadas nas residências dos outros acusados e nas sedes de oito empresas de ônibus que prestam serviço no município, além de escritórios dos consórcios Transoceânico e Transnit, e do Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (SETRERJ).

A expectativa é de que Rodrigo Neves seja levado para a Cidade da Polícia, no Jacarezinho, em uma viatura da Polícia Civil. Quem assumirá a prefeitura de Niterói será o presidente da Câmara dos Vereadores de Niterói, Paulo Bagueira (Solidariedade), que desde agosto é suspeito de estar envolvido em um esquema de compra de votos na eleição de 2016, quando foi eleito.

Intercepções telefônicas que resultaram em uma operação da Polícia Civil e do Ministério Público flagraram Bagueira negociando a compra de votos no Cavalão com Monique Pereira de Almeida, mulher de Reinaldo Medeiros Ignácio, o Kadá, chefe do tráfico local e que está preso fora do estado. As investigações apontam que o político teria pago para formar um curral eleitoral na comunidade. As interceptações ocorreram uma semana antes das eleições, em outubro de 2016.

A Operação, que foi batizada de Alameda, foi executada pela da Polícia Civil, pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ) e pela Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ).

Repercussão

Muitas pessoas que passavam pela Rua Vereador Duque Estrada, local onde mora o prefeito, comemoraram a prisão de Neves. Outras ficaram surpresas. Foi o caso da industriária Ana Maria Coelho, de 55 anos. “Estou muito surpresa com a prisão dele. O Rodrigo já havia sido citado na Lava Jato, mas nada chegou até ele. Estou muito impressionada com sua prisão”, disse a mulher incrédula na porta de Neves.

Já a auxiliar administrativa Gleice Almeida, de 53 anos, comemorou a prisão do prefeito. “Ontem ele estava comemorando com a família lá no Campo de São Bento. Hoje ele vai comemorar na cadeia”, diz a mulher . “Ele construiu o BRT da Região Oceânica e nunca colocou ônibus para circular. Há cinco anos não passa nada naquele local, é um absurdo. Demorou muito para ele ser preso”, conta Gleice que fazia fotos na polícia na porta de Rodrigo Neves.

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Fechar