Presidente da legenda, Alckmin desistiu de permanecer à frente do partido; deputado Bruno Araújo (PE) é o favorito de Doria para comandar o PSDB
Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo, e o futuro governador do Estado, João Doria (Foto: Pedro Venceslau/Estadão)
Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo, e o futuro governador do Estado, João Doria (Foto: Pedro Venceslau/Estadão)
Pedro Venceslau, O Estado de S.Paulo

 

Após um período de distanciamento e ruídos na relação, o governador eleito João Doria e o ex-governador Geraldo Alckmin, presidente nacional do PSDB, tiveram uma conversa reservada de duas horas durante um almoço no restaurante Piselli, tradicional cantina dos Jardins, nesta quinta-feira, 8, em São Paulo.

Doria almoça com Alckmin na Cantina Piselli, nos Jardins
Doria almoça com Alckmin na Cantina Piselli, nos Jardins

Os dois pediram o mesmo prato: raviolli. Doria tomou uma Coca Cola Zero e Alckmin preferiu a versão normal do refrigerante. Durante a refeição, os dois conversaram sobre o futuro do PSDB e, em comum acordo, decidiram realizar em maio de 2019 a convenção nacional da sigla.

Na manhã desta quinta, a antecipação do calendário havia sido defendida pelo governador eleito do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, durante coletiva realizada no comitê de Doria e da qual participaram o governador eleito do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, e o próprio Doria. Os três também uniram forças para atuar dentro do PSDB.

A convenção nacional elege uma nova direção executiva. Alckmin informou a Doria que não pretende continuar à frente do PSDB. O ex-governador foi eleito em dezembro de 2017. Aliados do governador eleito vinham defendendo que Alckmin deixasse o cargo sem completar os dois anos de mandato. Apoiadores do presidente do PSDB dizem, porém, que estatutariamente já havia previsão de realizar uma convenção em maio.

“Geraldo continua tendo grandeza de alma, espírito elevado e desprendimento. Isso faz dele merecedor de todo respeito e admiração”, disse Doria ao Estado. Segundo o governador eleito, a conversa entre os dois foi “construtiva”. “Ouvi bons conselhos do Geraldo. Pretendemos fazer um almoço por mês para trocar ideias”.

DORIA COM BRUNO ARAÚJO 2Alckmin contou a Doria que pretende voltar a dar aulas, palestras em universidades e se dedicar à acupuntura como método para colaborar no tratamento contra o câncer. Questionado sobre a formação da nova direção do PSDB, Doria preferiu não falar ainda em nomes. Reservadamente, porém, aliados do governador eleito dizem que o deputado federal Bruno Araújo (PE) é o favorito para comandar a legenda a partir de maio.

 

Durante o almoço, Doria e Alckmin foram interrompidos várias vezes por conhecidos de ambos que também comiam no mesmo local. Sobre o posicionamento do PSDB em relação ao governo Jair Bolsonaro (PSL), Doria disse que não é preciso “fechar questão” oficialmente. “Não é preciso fechar questão. Isso é passado. Fechamos questão de apoiar o Brasil”.

A relação entre Doria e Alckmin estava estremecida desde a campanha eleitoral no primeiro turno. Na última reunião da Executiva Nacional do PSDB em Brasília, após a eleição, Alckmin chamou Doria de “temerista” e insinuou que ele seria um “traidor”.

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