PESQUISAS ELEITORAIS

(*) José Nivaldo Jr 

Assisti, logo após o primeiro turno, na GloboNews, a uma das mais constrangedoras entrevistas do milênio. Protagonistas: dirigentes dos dois principais institutos de levantamento estatístico de opinião do país (esse é o nome correto. Pesquisa é outra coisa).

A raiz do constrangimento: o enorme acúmulo de erros das “pesquisas” na primeira fase da eleição.

Eles ainda não entenderam – ou entenderam e não podem assumir – que a metodologia e as ferramentas que utilizam envelheceram. Tornaram-se incapazes de acompanhar movimentos de opiniões coletivas na era das mídias digitais. Nos dias atuais, a distância entre as pessoas pensarem uma coisa e fazerem outra é cada vez menor.

Opinião, aliás, sempre foi algo extremamente instável. Muda como as nuvens, ensinavam os antigos. Medir intenção de qualquer coisa é complicado. Quando se trata de voto, nem se fala.

Voto não é opinião nem intenção. Voto é decisão. E o eleitor decide conforme o seu próprio ritmo, ditado pelas circunstâncias. Pela realidade objetiva.

Cada eleição traz seus próprios desafios. E coloca um cardápio de escolhas para os eleitores.

Esses não decidem o seu voto de acordo com a pauta dos partidos, dos candidatos, da mídia ou dos Institutos de “pesquisas”. O eleitor decide de acordo com os desejos e necessidades coletivos, decide por candidatos que, mesmo de forma contraditória, consigam expressar o maior número de aspirações, medos, sentimentos, preconceitos, valores, idéias aplicáveis ao momento.

Claramente o eleitorado resolveu aposentar compulsoriamente velhos e novos praticantes de velhas práticas.

E dar chance a velhos e novos atores que possam praticar novas práticas.

No plano nacional: Bolsonaro representou quem está disposto a chutar o pau da barraca para ver o que acontece. Aqueles para os quais, com o Capitão, nada será como nos últimos 30 anos. Quem sabe uma barraca verde-oliva não seja a solução para todos os males? Cada geração tem o inalienável direito de arriscar.

Haddad, representou os que querem reerguer a barraca vermelha com as velhas lonas camufladas com novas cores. Cada geração tem o inalienável direito de persistir.

O que vai acontecer?

Ninguém erra recorrendo ao lugar comum.

2º turno é outra eleição. Hoje, reinicia o programa eleitoral na TV.

Tempos iguais, confronto direto. Logo, começa tudo outra vez.

(*) José Nivaldo Jr é publicitário, especialista em marketing político, escritor e professor universitário. Também é autor, entre outros, do livro "Maquiavel o Poder - História e Marketing", Editora Martin Claret, 2ª edição, 1999.
(*) José Nivaldo Jr é publicitário, especialista em marketing político, escritor e professor universitário. Também é autor, entre outros, do livro “Maquiavel o Poder – História e Marketing”, Editora Martin Claret, 2ª edição, 1999.

Ou seja: os eleitores e os institutos têm uma nova oportunidade, digamos, uma segunda época, como se falava antigamente.Como somos viciados em “pesquisas”, todo mundo já está raciocinando com base nos primeiros números dos institutos, que apontam folgada vantagem para Bolsonaro. Os erros do primeiro turno parecem coisa do passado distante.

Sim, e a resposta ao título?

Vamos lá. As “pesquisas” servem para análises internas das campanhas. São importantes, fundamentais. As que são publicadas servem para dar audiência aos veículos e distrair o eleitorado.

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Fechar