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Por José Nivaldo Junior*

Caríssima amiga,

Ter tido oportunidade de conviver com você e os seus filhos, João Vicente e Denise, constitui um dos orgulhos da minha vida.

Você é a personalidade brasileira atual mais simbólica e emblemática, tendo sido a mais bela, expressiva e participativa primeira-dama de todos os tempos.

Você e o seu marido, João Goulart (Jango) além de belos, ricos e famosos, eram preocupados com os destinos do País e a libertação do povo.

João Goulart foi presidente da República até o fatídico 1o de abril de 1964.

Vice-presidente eleito, chegou ao poder com a renúncia de Jânio Quadros. Submetido a um plebiscito, ganhou com mais de 80% dos votos.

No dia 13 de março de 1964 você estava ao seu lado quando ele propôs, no Comício da Central do Brasil, as chamadas “reformas de base”.

Um conjunto de medidas capazes de modernizar a economia e a sociedade e estabelecer a verdadeira promoção social, a partir de uma Reforma Agrária planejada para dar certo.

A reação das elites conservadoras, da ala reacionária das forças armadas e da igreja obscurantista foi fulminante. Taxaram o plano de “comunista”, uma das mentiras mais ridículas de todos os tempos.

Com o apoio dos Estados Unidos, deram um golpe, rasgaram a Constituição. Instituíram uma ditadura e um estado terrorista que cassava mandatos, prendia, censurava a imprensa e as artes, torturava e/ou matava quem ousasse discordar ou reagir.

No dia 1o de abril de 64, há 53 anos, o Brasil renunciou à independência e ao desenvolvimento.

Quando a longa noite da ditadura acabou, você tinha sofrido perseguições, amargado o exílio, perdido o marido.

Retornou sem destilar mágoas nem ressentimentos.

Vive discretamente, ajudando a cultivar e preservar a memória de Jango e do sonho que vocês sonharam juntos.

Você é uma das maiores mulheres que o século XX produziu.

O não reconhecimento coletivo da grandeza do seu papel só revelam o quanto a nossa sociedade tem que avançar em matéria de consciência e valores históricos.

Você é a personificação da esperança que um dia nosso País acalentou.

E que, esperamos, um dia renasça.

Pois o sonho não morre nunca.

Receba um abraço carinhoso e emocionado.

*Publicitário, historiador e membro da Academia Pernambucana de Letras

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