Por Márcio Maia

geDurante décadas, a Rede Globo de Televisão usou uma estratégia para justificar perante a opinião pública e especialmente, entre os estudiosos de Comunicação Social, porque “escolhia” as notícias que publicava. O que era chamado de Padrão Globo de Qualidade servia de anteparo para justificar a não contratação de jornalistas com rostos e corpos bonitos, por exemplo. Só mulheres louras e de rostos bonitos podiam aparecer no vídeo. A colega Glória Maria era a exceção e servia como “prova” de que não havia discriminação racial.
De repente, um pernambucano, Geneton Moraes Neto, com muita competência e seriedade, surgiu no jornalismo nacional e a direção de jornalismo da empresa, principalmente o competente Armando Nogueira, exigiu a contratação dele para que não fosse para alguma concorrente. Os puristas alegavam que ele não tinha imagem para aparecer.
Suas reportagens de enorme qualidade começaram a ser veiculadas com a narração de locutores enquadrados no padrão, entre eles Cid Moreira e Sérgio Chapelin. Aos poucos, a força de seus trabalhos fez com que a direção da Globo começasse a aceitar suas participações nos programas jornalísticos.
Geneton era fruto de uma escola brilhante implantada no Diario de Pernambuco, pelo jornalista Antônio Camelo, que tinha como objetivo dar a melhor informação ao público leitor. Sendo assim, o aluno nunca aceitou glamourizar sua imagem, penteando ou cortando os cabelos como a eventual moda exigia, usar a barba bem aparada e até usar paletós de marcas famosas. Sempre priorizou as palavras e especialmente, as perguntas agudas e precisas e que exigiam esforço dos entrevistados para respondê-las no mesmo nível.
Como o noticiário da Globo sempre priorizou determinados interesses, as matérias produzidas por Geneton se transformaram em ilhas de profundidade, ainda hoje, inigualáveis nos arquivos da “Vênus Platinada”.
Ele “desengessou” o “Padrão Globo de Qualidade”.

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